Capítulo 27 – A Empregada do Sul
O corredor cheirava a sabão e a pano úmido, o som das bacias sendo arrastadas misturado ao riso dissonante que ecoava pelas paredes estreitas. Não era riso de alegria — era escárnio. Caminhei em direção ao som, sem pressa, ouvindo cada palavra cuspida com gosto.
— Rata do sul…
— Estrangeira inútil. Você não merece estar aqui.
As gargalhadas vieram logo depois, afiadas, como se fosse o som mais natural do mundo humilhar alguém.
Virei a esquina e vi a cena. Dois rapazes de uniforme gasto, encostados na parede como se fossem donos do lugar, apontavam para uma jovem. Ela mantinha o corpo encolhido, os cabelos curtos e ondulados em tons de loiro-ruivo, presos de forma simples por um laço que mal continha as mechas rebeldes. Os olhos verdes, grandes e vívidos, estavam voltados para o chão, tentando escapar da crueldade. As mãos delicadas seguravam um cesto de roupas quase maior que ela. Não reagia. Apenas aceitava o riso como quem já havia aprendido a so