Capítulo 21 – O Casamento Escarlate
O sussurro das víboras corria entre os bancos como vento gelado, mas não me atingia. Bastava-me ficar de pé, imóvel no altar, para que todos soubessem que nada do que dissessem teria consequência imediata — mas que cada palavra seria lembrada.
Postura reta, mãos cruzadas às costas, a capa negra repousando sobre meus ombros como uma sombra viva. Observava, sem pressa, as colunas de pedra negra que sustentavam o teto alto da capela. Não havia lugar mais adequado para um casamento como este: frio, imponente e construído para esmagar o espírito.
— Ele enlouqueceu. Isso vai arruinar a linhagem do norte. — murmurou um conde com a segurança de quem acredita que seu nome o protege. Eu quase sorri. Ninguém ali parecia compreender que o Norte nunca se sustentou em nomes limpos, mas em sangue derramado.
Meus olhos passaram brevemente por Laurits, parado como uma lâmina pronta, e por Beau, que tentava parecer à vontade, mas me conhecia o suficiente para sabe