Clara despertou com os primeiros raios de sol entrando pela janela da casa. Olhou para Katiany, que dormia profundamente, abraçada ao travesseiro. A menina parecia pequena demais para o turbilhão de emoções que estava vivendo. Clara passou a mão pela testa, aliviada por finalmente estarem longe de Joseph mas a saudade do antigo emprego e das pessoas que deixara sem se despedir causava uma sensação estranha — como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo: no presente e no passado.
A paz que sentia ali, no campo, parecia contraditória dentro do peito. Enquanto preparava o café, ao abrir uma gaveta por acaso, seus olhos se fixaram em um porta-retratos. Era uma foto dela, do ex-marido e de Katiany. Certamente, a filha a trouxera. Clara compreendia aquele gesto — por mais que o pai a tivesse decepcionado, o amor de filha não desaparece de uma hora para outra. Um nó formou-se em sua garganta. Era curioso como as lembranças podiam ser assim: uma mistura de dor e nostalgia.
Com um suspiro