A casa estava silenciosa demais. Um silêncio que não acalmava — apenas oprimia. Clara permanecia parada no centro da sala, os olhos presos ao relógio de parede que marcava cada segundo como se fosse uma contagem regressiva para o caos. As palavras de Katiany ainda pairavam no ar como uma sentença: “Você não pode simplesmente... substituir meu pai por outro homem!” Eu não quero outro pai, mãe!”
Clara sentiu o impacto daquelas palavras como se tivessem sido cuspidas com a força de um vendaval. Não havia preparação para aquilo. Por mais que tentasse racionalizar, por mais que compreendesse a dor da filha, aquilo... aquilo doía de um jeito que ela não conseguia traduzir.
Na manhã seguinte, Katiany desceu para ir à escola em silêncio, os fones de ouvido novamente cobrindo suas emoções. Era como se ela tivesse recuado no tempo. Um mecanismo antigo, familiar, construído para protegê-la da dor — e da mãe.
Clara a observou partir com o coração apertado. Chamou-a pedindo um abra