O som do rádio estala na presidência, cortando o silêncio profissional da manhã. Marta, sentada com Monica revisando a agenda de reuniões, ergue os olhos, instintivamente alerta. A voz vinda do setor industrial é urgente, entrecortada por estática.
— Ilha de carregamento, setor de logística. Temos um problema com a esteira e um carregamento interrompido. Pode haver risco de parada no fluxo da produção.
Monica se sobressalta, mas Marta já se levanta, pegando o tablet e o crachá de acesso.
— Vou lá com você, Marta — diz Mônica, apressada, mas é Marta quem assume a liderança com firmeza tranquila.
— Vamos, mas com calma. E aciona a equipe de manutenção para nos encontrar lá. Não vamos deixar ninguém no escuro.
No elevador, Marta nota algo que a faz franzir levemente a testa: Eduardo, está sempre dois passos atrás. Nada em seu rosto revela desconfiança, mas seu olhar está atento, como se esperasse algo, ou alguém. Marta percebe, mas não comenta.
Na chegada ao setor, o movimento é intenso.