Marta encara a cidade que se desenrola pela janela do carro. A paisagem passa em um borrão de luzes e movimentos, mas nada disso a distrai do peso que carrega no peito. Eduardo mantém uma das mãos no volante e a outra apoiada no câmbio, os olhos atentos ao trânsito, mas a expressão séria deixa claro que sua preocupação está nela.
— Você quer falar sobre o que está sentindo? — ele pergunta, quebrando o silêncio que se instalou entre os dois.
Ela hesita por um momento, respirando fundo antes de responder.
— Não sei nem o que sinto agora... só parece que tudo desmoronou de uma vez.
Eduardo solta um suspiro curto e volta a atenção para a rua. Ele já viu esse tipo de olhar antes, já conheceu gente que perdeu tudo e se perdeu junto. Mas Marta... Marta não merece passar por isso.
— Você não precisa enfrentar essa situação toda sozinha. — ele diz, a voz carregada de certeza.
— E muito menos precisa dormir na rua. Você vai ficar comigo o tempo que for necessário.
Ela abaixa o olhar para as pr