O silêncio da mansão é tão profundo que Marta quase acredita estar sozinha. Mas não está. Lua dorme a poucos passos dali, cercada de almofadas macias e carinho acumulado. Ainda assim, há algo inquietante naquela calma, algo que aperta o peito de Marta como se o ar tivesse peso. Ela fecha os olhos por um instante. E então, como uma maré que não avisa antes de invadir a praia, vem a saudade. Do verde do sítio. Do cheiro de terra molhada. Do café coado da mãe. Do jeito de Miguel sempre calado e atento. Do abraço silencioso do pai.
Ela se levanta devagar, passa pela filha adormecida, e vai até a mesa onde repousa o seu notebook. Com um toque rápido, o mundo do campo se abre diante dela. Telas, planilhas, relatórios, gráficos. Tudo ali, organizado como se a distância física fosse apenas um detalhe. Marta respira fundo e mergulha.
Começa revisando a lista de insumos, fertilizantes, ração, medicamentos veterinários. Corrige valores, faz anotações, consulta os estoques virtuais. Em seguida,