Não há nada tão ruim que não possa piorar. Luiza aceitou uma proposta de trabalho e saiu do Rio Grande do Sul para morar em São Paulo na esperança de recomeçar a sua vida depois de uma tragédia pessoal ter a deixado destroçada. Infelizmente, aquele ditado que diz que quando a esmola é demais, o santo desconfia é a mais pura verdade. A gaúcha descobriu tarde demais que a proposta de emprego que recebeu não era bem o que ela estava pensando. *** Ela vive a maior humilhação da sua vida quando se vê obrigada a subir em um palco para assistir a sua virgindade ser leiloada. Felipe, o CEO de uma das maiores construtoras do país, vê toda aquela cena no palco e se sente na obrigação de fazer algo a respeito. Ele é um homem bonito, bem sucedido, mas que guarda em seu coração a decepção e a tristeza de ter sido abandonado, quando criança, pela mulher que deveria ama-lo. O CEO, que já nutria uma certa dificuldade em acreditar nas mulheres, viu o seu nome ser jogado na lama a alguns meses depois de descobrir uma traição da sua ex noiva através de Paparazzis. Duas pessoas quebradas de formas diferentes, que só querem recomeçar suas vidas sem que alguém tente quebra-los ainda mais. Uma história que fala de amor, redenção e cura mútua.
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Eu me chamo Luiza Schneider e vou contar um pouco da minha história para vocês. Sou do interior do Rio Grande do Sul, de uma cidade chamada Vale Real e meus pais tinham uma pequena propriedade rural. Eles trabalharam na roça a vida inteira. Minha mãe era uma mulher linda, confiante e muito alegre, mas que foi perdendo sua vaidade, sua confiança e a alegria com o passar dos anos. Meu pai era uma pessoa desprezível e eu não me lembro se ter olhado para ele alguma vez na minha vida com admiração. Eu e a minha mãe tínhamos medo dele. Ele era um alcoólatra, bebia todos os dias, mas não precisava estar bêbado para mostrar o quanto era desprezível. Ele sempre batia na minha mãe e depois a obrigava a se trancar no quarto com ele. Eu lembro que quando eu tinha uns doze anos, a minha mãe levou uma das piores surras da sua vida. Eu havia ido para a escola e quando voltei a vi caída na cozinha, desacordada, toda cheia de hematomas e com um dos olhos inchados. Eu consegui pedir ajuda a nossa vizinha Célia, mãe da Mariana, minha melhor amiga. Ela morava um pouco longe porque morávamos em área rural. Eu lembro de ter saído correndo, chorando, desesperada, achando que aquele monstro havia matado a minha mãe. — Celia, por favor, me ajuda. Minha mãe está caída no chão. Foi ele. Eu sei que foi ele. Meu pai matou ela! — gritei em desespero. — Calma Luiza, não chore. Você está tremendo, meu amorzinho. Vamos lá agora ajudar ela — a Célia falou tentando me acalmar. Nós levamos a minha mãe para o hospital e a Célia aproveitou para convencer ela a denunciar o traste do meu pai. — Ana, tu não pode continuar nessa vida — a Célia fitava a minha mãe que estava deitada e com o rosto abatido naquela cama de hospital — Esse homem vai acabar te matando ou matando tua filha. — O que tu quer que eu faça? Eu não tenho para onde ir com minha filha — minha mãe respondeu com uma expressão de dor em seu rosto. — Fica na minha casa com ela o tempo que precisar — a Célia propôs, tentando convencê-la —. O que não dá é para tu ficar se submetendo a um homem desses que só te maltrata. — Se eu ficar na tua casa ele pode se aborrecer e ser pior para mim ou para minha filha. — Tu tem que denunciar ele para que proíbam ele de chegar perto de ti ou da menina. — ela orientou de forma mais firme. — Não sei — minha mãe falou ainda relutante — Eu tenho muito medo. — Pensa bem! Mas se tu decidir denunciar o desgraçado, eu e minha família te apoiaremos. *** Minha mãe recebeu alta, fomos com ela na delegacia e graças a Deus, ela teve coragem de contar tudo e uma medida protetiva foi expedida contra ele. Nós ficamos por um tempo na casa da Célia, mas não demorou para o meu pai aparecer lá com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, pedindo perdão, dizendo que só percebeu o quanto a minha mãe era maravilhosa depois que ela foi embora e implorando para que ela voltasse para casa. Ele certamente ganharia o Oscar, já que é um ótimo ator. Eu não acreditei em uma única palavra vinda dele. Eu tentei de todas as formas convencer a minha mãe de que ele não prestava e que ela não deveria acreditar nele, mas a minha mãe não tinha para onde ir, ainda com uma filha para criar e não estava se sentindo confortável em ficar na casa dos vizinhos dando despesas, mesmo eles sendo pessoas tão maravilhosas. Então ela acabou voltando para o traste. Ele passou alguns meses fingindo ser uma boa pessoa, mas a farsa dele durou pouco tempo. Ele não conseguia controlar o ciúme possessivo que ele tinha da minha mãe e isso tornava a vida dela um verdadeiro inferno. Ele implicava se ela ia na igreja, se demorava no mercado e inclusive tinha ciúmes da amizade da minha mãe com a Célia. Depois de um tempo e de tanto apanhar, a minha mãe conseguiu uma arma e manteve ela escondida por anos em casa. Ninguém sabia da arma, exceto a nossa vizinha Célia. Parece que minha mãe estava pressentindo as coisas. Um dia depois do meu aniversário de dezoito anos, a minha mãe flagrou o desgraçado levantando a parte de cima do meu pijama para olhar meus seios enquanto eu dormia. Ela ficou enfurecida e não pensou duas vezes antes de pegar um jarro que estava no corredor. Ela estava prestes a quebra-lo na cabeça dele, mas Infelizmente o reflexo dele fez com que ele visse o que estava prestes a acontecer e depois de tomar o jarro da mão da minha mãe, ele acertou a cabeça dela a deixando desacordada. Eu acordei desesperada, chorando e implorando para minha mãe acordar. — Mamãe, pelo amor de Deus, acorda. Por favor, mamãe não faz isso comigo. Mamãe... Mamãeeeee... — eu gritava ao mesmo tempo que chorava. Ele veio na minha direção e saiu puxando meu cabelo e me batendo, dizendo que eu era uma vadia igual a minha mãe. Eu lembro de ter conseguido empurrar ele com força e ele bateu com as costas na parede. Eu aproveitei o desequilíbrio dele tentando correr e vi que a minha mãe havia acordado e estava indo em direção ao quarto dela. Ele abriu a gaveta, pegou uma faca e foi em minha direção. Eu tentei me trancar no meu quarto, mas não deu tempo de trancar e ele abriu a porta com toda sua força. — Sua Vadia! Vou matar tu e a tua mãe. Vocês são duas desgraçadas que só me dão despesas. — Seu traste miserável, eu te odeio — eu esbravejei chorando de ódio, relembrando todo o sofrimento que ele nos fez passar. Minha mãe veio por trás dele e tentou dar um mata leão, mas o maldito conseguiu se soltar e deu uma facada na barriga da minha mãe que caiu no chão. Eu só conseguia chorar e gritar pela minha mãe. Ele vinha na minha direção, mas a minha mãe, mesmo caída no chão, sacou a arma que estava escondida atrás dela e descarregou nele, que caiu morto na mesma hora. Eu pulei por cima dele e fui tentar socorrer a minha mãe que agonizava no chão. Eu nunca senti tanta dor. Eu implorava para que a minha mãe não morresse e eu gritava por socorro. — Mamãe não morre, por favor! Mamãeeee. Socorrooooooo! Alguém me ajuda! Mãezinha, por favor, eu imploro. Fica comigo. Alguns minutos se passaram e a Célia e o Luiz, seu marido, chegaram na minha casa após escutarem os tiros. A minha mãe ainda agonizando, me dizia que havia matado o desgraçado, que se ela não tivesse chegado a tempo, ele iria abusar de mim. Ela contou com dificuldade que ele havia levantado a parte de cima do meu pijama para olhar meus seios, mas que agora eu estava livre dele. Ela falava puxando com dificuldade a respiração, que eu precisava ser muito feliz para que ela conseguisse descansar em paz e instantes depois ela acabou morrendo nos meus braços. Eu senti uma dor tão corrente e sufocante. Nunca tinha imaginado a minha vida sem a minha mãe, apesar de ter desejado por várias vezes que o meu pai morresse. Meus planos eram que agora que eu fiz dezoito anos, eu e minha mãe poderíamos fugir e recomeçar a vida. Eu poderia arrumar um trabalho e nós duas seríamos felizes longe daquele monstro. Nós sepultamos a minha mãe e alguns parentes do meu pai fizeram o sepultamento dele. Eu não queria mais ter que olhar na cara dele, mesmo que ele estivesse morto. Por causa desse mostro, eu agora estava sozinha no mundo. Por causa dele, agora eu tinha perdido o que eu tinha de mais importante na vida: a minha mãe. Eu resolvi colocar nossa propriedade à venda, mas descobri que ela havia sido dada como pagamento de uma dívida do meu pai. Ele conseguia, ainda morto, piorar as coisas. Minha mãe tinha guardado em um esconderijo no meu guarda roupa cinco mil reais e só eu e ela sabiamos. Ela dizia que seria para alguma emergência e era com esse dinheiro que eu iria recomeçar a minha vida. [...] Um mês depois me mudei para Porto Alegre. Eu queria ter saído antes, mas precisava esperar as investigações serem concluídas. E só depois que a perícia comprovou as nossas versões eu pude sair da cidade. Eu não conseguiria permanecer na mesma cidade, visto que todos me olhavam com pena ou julgamento. Eu precisava recomeçar em outro lugar. Foi bem difícil me despedir da Célia, da Mari e do Luiz. Eles eram o mais próximo de uma família que eu tinha, já que os parentes do meu pai são pessoas tão horríveis quanto ele. Já a minha mãe não tinha conhecido a sua mãe. Ela morreu no parto e o seu pai tinha morrido de infarto quando ela era ainda adolescente. Talvez por isso ela se casou tão cedo e se submeteu a tanta coisa.FELIPE E LUIZALUIZA: Decidimos contar o final das nossas história juntos, como sempre estivemos desde que nos conhecemos.FELIPE: Verdade amor! Vamos começar pelos antagonistas das nossas histórias. O Gustavo, ex da Mari foi solto, e pediu perdão a Mariana e ao Davi que o perdoaram. A última vez que tivemos notícia, ele havia se casado e ido embora do Rio Grande do sul, junto com a esposa e a mãe. O Mateus, ex-diretor financeiro da construtora permanece preso, e irá permanecer por muito tempo, visto que o roubo não foi seu único crime, já que ele também foi condenado pela morte do Pedro Pinheiro. E por último vamos falar da Gabriela, que não vimos desde aquele encontro dela com a Luiza no shopping, porém recentemente ela viralizou nas redes sociais novamente, aparecendo como pivô da separação de um cantor famoso. A nota mostrava fotos dela com o cantor em uma praia do Rio de Janeiro, e a nota chamava ela de "talarica", pois ela seria amiga da esposa do homem.LUIZA: Agora vamos falar
LUIZA Eu armazenei uma boa quantidade de leite e liguei para o Felipe que estava com o celular desligado. Eu não pensei duas vezes e chamei um Uber para ir até o hospital, deixando os gêmeos com a Clau e a babá. Chegando no setor da maternidade, logo vi o Felipe.— Amor?— Cadê a Mariana?— Por que você não me ligou? Eu ia te buscar.— Eu liguei, mas seu celular está desligado — falei com um semblante sério. — Cadê a Mariana?— O Davi, a Célia e o Luiz entraram lá agora para vê ela.Ele pegou o celular e constatou que estava desligado.— Me desculpa amor, eu não vi que havia descarregado.— Tu sabia o quando eu estava aflita, eu estava lá às cegas, comecei a pensar um monte de besteira.Antes que ele pudesse responder alguma coisa, a Manu e o Rafa se aproximaram.— Como você está amiga? — a Manu perguntou.— Estou bem! E ela como esta?— O pior já passou — a Manu falou me abraçando. — Ela vai ficar bem.— Como estão os gêmeos?— Estão bem! Estão com a Claudinha e a Keila. Nós
LUIZAO Miguel e a Ana estavam com duas semana, quando fizemos um almoço de domingo para o Rafa, a Manu, o Theozinho, o Davi e a Mari, que a qualquer momento poderá entrar em trabalho de parto, por ter entrado na quadragésima semana. Foi um domingo bem agradável, e os gêmeos foram muito mimados pelas dindas. A mãe do Felipe que ficou aqui por duas semanas, foi embora há dois dias. A Célia e o Luiz chegarão hoje a tarde, e ficarão até a Beatriz nascer. Passaram-se dois dias, e chegou o dia do nascimento da Beatriz. A Mari começou a sentir as contrações a noite, e o Davi a levou para o Hospital, juntamente com a Célia e o Luiz. Como eu não pude ficar no hospital por conta da Ana e do Miguel, o Felipe foi ficar com eles. Eu pedi que ele me atualizasse sobre tudo, e não consegui dormir direito à noite. Eu estava angustiada, e sempre que cochilava, eu tinha pesadelos. De manhã a Mari chegou nos dez centímetros de dilatação, e a equipe começou a fazer o parto dela, e eu fiquei a
LUIZA Chegamos no hospital ainda de madrugada, e fomos encaminhados para um dos quartos. A Dra. Juliana já havia avisado que em poucos minutos chegaria, então ficamos esperando. Algum tempo depois que a minha bolsa havia estourado, comecei a sentir algumas contrações menos espaçadas. Em menos de meia hora que haviamos chegarmos no hospital, a Dra Juliana chegou e começou a me examinar. Ela então falou que se tudo se encaminhasse como estava previsto, que conseguiríamos um parto normal, pois os gêmeos estavam posicionados. Os intervalos das minhas contrações ainda eram de vinte minutos, e duravam de trinta a quarenta segundos. A Elaine e o Felipe ficaram o tempo inteiro do meu lado. Cerca de uma hora depois que estávamos no hospital, a Manu e o Rafa chegaram, seguidos da a Mari e do Davi que chegaram 5 minutos depois. Estava tudo tranquilo até então, as contrações eram espaçadas, e apesar da bolsa ter estourada, a Dra. Juliana nos tranquilizou.— Luiza, pode ficar bem
FELIPEDescobrir que seríamos pais de um casal de gêmeos foi emocionante demais. Eu sempre sonhei em ter uma família, mas nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que poderia ser tão feliz. Eu nem imaginava que fosse capaz de amar da forma que eu amo a Luiza, e nunca imaginei que ser pai iria me deixar tão completo. Eu posso dizer com toda certeza que hoje eu sou o homem mais feliz desse mundo, mais completo e mais realizado. Minha família é a minha vida e o que tenho de mais precioso nesse mundo. Depois que descobrimos o sexo dos nossos bebês, eu e a Luiza concordamos que ela escolheria o nome da menina, e que eu escolheria o nome do garoto. A Luiza sem pensar duas vezes escolheu que o nome da menina seria Ana, em homenagem a sua mãe. Já o nome do menino ficou em aberto, pois eu não sabia que escolher um nome seria tão complicado. No final das contas, eu pedi que a Luiza colocasse alguns nomes que ela gostava em uma lista, para que isso pudesse me ajudar a escolher o nome
LUIZA— POSITIVOOOOO... AHHHH — gritei de felicidade.— Eu estou grávida! Guria, eu estou grávida — Mari falava eufórica e assustada. Nos abraçamos sorrindo e chorando ao mesmo tempo. — Vamos fazer uma chamada de vídeo para Manu — falei e ela assentiu na mesma hora.Começamos a chamar a Manu em vídeo, que infelizmente não pode estar conosco, pois tinha uma reunião na empresa dela no primeiro horário. Mas, depois de algumas poucas chamadas nos atendeu.— Estava no meio de uma apresentação na reunião, mas como sabia do que se tratava, eu falei que precisava urgente ir ao banheiro — Manu nos contou sorrindo no outro lado da tela — E aí? E aí? Meu sobrinho vem?— Estou gravida amiga — Mari contou sem conseguir conter as lágrimas. Não só ela, eu não conseguia parar de chorar. Não sei se por conta dos hormônios ou por saber que iríamos fazer tudo aquilo juntas. Nossos filhos iriam crescer juntos assim como foi com nós duas, e eu não poderia está mais feliz.— EU SABIAAAAAA — Manu gritou. —
Último capítulo