**Narrado por Miguel Satamini**

Primeiro dia, normalmente, eu sou alguém que esquece nomes até a hora do almoço e rostos antes do jantar. Mas com ela foi diferente. Clara entrou no ambiente como uma brisa suave, rearrumando silenciosamente a atmosfera ao seu redor e saiu, deixando o relógio da torre batendo ao ritmo do meu coração ou talvez no dela; ainda não decidi.

Na parte da manhã, segui o que costumo fazer: realizei testes invisíveis. Um calendário repleto de armadilhas, um investidor ansioso, questões jurídicas que incluíam latim, um CFO em modo de emergência, e ainda a área de sustentabilidade e o conselho exigindo coisas opostas no mesmo minuto. Clara, ao invés de discursar, decidiu operar. Suas mensagens eram diretas cinco frases, nenhum adjetivo. O telefone nunca tocou uma terceira vez. Aqueles que tentaram pular etapas bateram na muralha sem perceber que era uma muralha. Ponto para ela.

Um detalhe que eu não ignoro: a respiração. Eu percebo quando alguém respira só para se