Priscila Narrando
Já fazia uma semana. Sete dias desde que recebi a notícia da morte do Luiz Fernando. Sete dias desde que o mundo pareceu, finalmente, me devolver o ar que ele tinha me roubado por tanto tempo. Pode parecer cruel dizer isso, mas... foi um alívio.
Não chorei. Não fiquei de luto. Não coloquei preto, nem fui ao tal velório simbólico que a família dele organizou. Sabe por quê? Porque aquele homem já tinha me matado por dentro tantas vezes, que quando ele morreu... foi como se eu tivesse voltado a viver. Acordei hoje com o sol batendo na janela e, pela primeira vez em muito tempo, me senti leve. Me espreguicei devagar, com a mão já na barriga que começava a despontar com mais firmeza. Nossa filha. O meu milagre.
Levantei, preparei um café simples e me sentei à mesa com meu celular na mão. Abri o grupo da família. Todo mundo falava sobre o chá revelação, que já começava a tomar forma, e até o Patrick, meu irmão, tava empolgado com os detalhes da decoração. E dona Neuza? Ta