Anthony Narrando
Ela saiu do banheiro enrolada na toalha, com gota escorrendo pelo pescoço, e por um instante eu esqueci do mundo. Só conseguia olhar pra ela. A pele limpa, o cheiro do sabonete invadindo o quarto… E mesmo depois de tudo, ela ainda me olhava com um misto de surpresa e desconfiança.
— Você já chegou? — a voz dela saiu firme, mas eu vi a tensão nos olhos.
— Vim almoçar com você — respondi do meu jeito, direto, como sempre.
Fiquei ali, observando cada movimento dela, cada passo medido, como se ela ainda não soubesse se podia confiar em mim. E eu entendia. Eu prendi ela aqui. Fiz o que precisava ser feito pra proteger… mas também fiz do meu jeito. Do meu jeito possessivo, intenso, doentio, se for pra chamar assim.
Mas a verdade é que quando ela dormiu no meu peitø na noite passada, eu entendi que meu maior medo era perdê-la. Não pro Vinícius. Pro mundo. Pra ela mesma.
Ela se aproximou devagar da cômoda, pegou uma roupa dobrada e foi se vestir no closet. Eu respirei fundo