Ana Kelly Narrando
Acordei com um peso estranho no peito, como se minha alma tivesse sido puxada em duas direções diferentes. A luz suave entrava pelas frestas da cortina, beijando meu rosto como quem tentava me dizer que o pior já tinha passado. Mas será que tinha mesmo?
Eu olhei ao redor, tentando lembrar cada detalhe da noite passada. Não sabia se tinha sido a noite mais confusa da minha vida… ou a mais perfeita. Só sei que meu corpo ainda sentia o toque dele, o calor, a intensidade. E, ao mesmo tempo, meu coração ainda pesava com o que ele me fez — me trancar ali, me privar de sair, de decidir por mim mesma. Isso nunca foi amor, pensei. Mas porra, o jeito que ele me amou... parecia que era.
Levantei devagar, vestindo a camisa dele que ainda cheirava a perfume e desejo. Caminhei até o espelho e encarei meus próprios olhos. Ainda havia confusão neles. Medo. Mas também tinha um brilho ali que eu reconhecia: desejo de entender tudo. Desejo dele.
Desci as escadas sem fazer barulho, pi