Anthony Narrando
Fiquei parado por longos minutos depois que Ana Kelly subiu. A mão ainda no bolso, o maxilar travado. Aquilo de "quero um quarto só meu" ficou ecoando dentro da minha cabeça como um tiro abafado. Eu não tava acostumado com isso. Sempre que eu quis, tive. Sempre que mandei, obedeceram. Mas com ela… com ela era diferente. Ela não era posse, era sentimento.
— Vai deixar a garota fugir mesmo? — ouvi a voz da Josefa, vindo da cozinha.
Virei devagar. Ela secava as mãos num pano florido e me olhava com aquela sabedoria que só quem criou quatro filhos sozinha sabe ter.
— Não estou deixando ninguém fugir — resmunguei, sentando na cadeira da sala de jantar. — Só estou... respeitando.
— Respeitar não é deixar de lutar, não. Mas também não é sufocar, Anthony. Mulher nenhuma aguenta uma prisão, mesmo que ela seja feita de ouro.
— Eu só quero proteger ela.
— E quem disse que proteger é prender? — Josefa sentou na minha frente, cruzando as pernas. — Eu vi o jeito que ela te olha. E