Sr. Carter narrando
O bairro era tranquilo, desses com árvores antigas e calçadas estreitas. Eu dirigia em silêncio, com Anthony ao meu lado e Luísa e Ana Kelly no banco de trás. Ninguém falava. A tensão no carro dava pra cortar com faca.
Chegamos no endereço que o hospital forneceu. Uma casa de portão azul, simples, mas bem cuidada. Estacionei do outro lado da rua, e antes que alguém dissesse qualquer coisa, a porta da casa se abriu.
— É ela — Anthony murmurou, com a voz engasgada.
A mulher saiu com passos rápidos, segurando a bolsa e uma pasta. Estava apressada, parecia ter algo marcado. Vestia uma roupa simples, cabelo preso, salto baixo. Tinha pressa. Ia direto pro carro estacionado à frente da casa.
— Marcelo — chamei, pelo rádio.
— Já vi — ele respondeu, pelo fone.
Marcelo e Vitor estavam em outro carro, logo atrás. Quando a mulher girou a chave para destravar o carro, Marcelo cruzou a rua e correu.
— Com licença, senhora Camila! — ele chamou.
Ela se virou assustada, arregalando