Anthony Narrando
Eu fiquei aqui, olhando pra Camila e pro menino — o Álvaro — e tentando organizar os pensamentos. O sangue parecia quente demais pra ficar só correndo nas veias. Era como se cada batida do meu coração viesse com um soco. Não era só surpresa. Era indignação, era raiva, era… decepção.
— Eu não acredito… — falei, quase sem voz. — A Bárbara teve essa coragem.
— Como é que ela teve acesso a essas informações? — foi a Luísa quem perguntou, com a voz embargada, olhando pra mim e depois pro meu pai.
Engoli seco, puxei o ar com força.
— Bárbara sempre foi uma pessoa de confiança. — disse. — Quando ela entrou pra Carter, virou minha secretária particular em menos de três meses. Ela sabia de coisas que ninguém mais sabia. Agenda, compromissos, contratações, dados pessoais… até o lugar onde o meu pai mantinha o material genético congelado pra doação, por precaução, em caso de doença no futuro.
Ana Kelly soltou uma gargalhada amarga. Aquela risada que vem quando a dor já é grande