Anthony narrando
Eu não conseguia tirar o rosto daquele moleque da cabeça.
Era como olhar pra mim mesmo anos atrás. O jeito de andar, a expressão séria, o formato dos olhos... tudo nele gritava Carter. E, por mais que eu tentasse achar uma explicação lógica, o medo já tinha se instalado dentro de mim.
Será que...?
Não. Não tem como.
Nunca transei com ninguém sem camisinha. Nunca. Sempre fui cuidadoso com isso, até demais. Eu tinha noção do peso que meu nome carregava, da grana, do sobrenome. Sempre soube que bastava um vacilo pra minha vida virar do avesso. Então, não. Isso não fazia sentido. Só se... alguma estourou. Ou se alguém fez de propósito.
Meu peito apertava.
E se ele for mesmo meu filho? Se aquela criança ali carrega meu sangue e eu passei uma década sem saber?
Levei a mão até o rosto, fechei os olhos. Senti a cabeça latejar.
Não era só a ideia de ser pai que me abalava — era o fato de não ter estado presente, de talvez já ter um filho de 10 anos por aí, crescendo sem saber