Luísa narrando
A porta se fechou com cuidado, mas eu senti no jeito como a Ana Kelly olhou pra trás que o coração dela tava apertado. Era o primeiro dia longe da filha. Seis meses inteiros coladinhas, dividindo cada mamada, cada choro, cada sorriso. Agora, era a volta pro trabalho… e eu sabia bem como doía esse momento.
Ela me entregou a Antonela com os olhos cheios, mas o sorriso firme.
— Cuida bem dela pra mim, Luísa.
— Como se fosse minha — respondi, beijando a testa das duas. — Vai tranquila. Ela vai ficar bem.
Anthony apareceu logo atrás, ajeitando a gravata, e deu um beijo na cabeça da pequena, que já tava no meu colo.
— Vai ser uma guerreira, igual à mãe — ele disse, olhando a Ana Kelly com orgulho.
— E se puxar o pai, vai querer mandar em tudo — ela brincou, tentando disfarçar o aperto no peito.
Os dois saíram, e eu fechei a porta com um suspiro calmo. Olhei pra Antonela, que me encarava com aqueles olhos espertos e curiosos.
— Agora somos só nós duas, meu amor. Um dia todinho