Ana Kelly Narrando

O carro parou em frente ao prédio, e eu respirei fundo. Era como voltar no tempo, mas com uma versão nova de mim mesma. A Ana Kelly que entrava ali agora já era mãe, esposa, mulher que aprendeu a se dividir em mil e, mesmo assim, seguir inteira. Anthony desceu primeiro, deu a volta no carro e abriu minha porta com aquele jeito cavalheiro que eu nunca me acostumei, mas sempre amei.

— Vai com calma, tá? Um passo de cada vez — ele disse baixinho, me oferecendo a mão.

Segurei firme e desci, ajeitando o cabelo com o vento da manhã. Entrei no prédio e logo senti aquele cheiro conhecido de café, madeira e papel novo. O som dos teclados, o barulho dos saltos no piso de porcelanato, os “bom dia” apressados… tudo tão familiar, mas agora com outro sabor.

Anthony caminhava do meu lado com aquele ar imponente dele, mas quando olhava pra mim, os olhos suavizavam.

Subimos juntos até o andar principal, e quando a porta do elevador se abriu, alguns olhares se voltaram. Era impossív