Karen narrando
A vida tem dessas coisas. Quando parece que o mundo vai desabar sobre a gente, vem um raio de sol abrindo caminho. Hoje, sentada aqui na varanda, com o som suave da risada da Ana Kelly vindo da sala e o choro fraco da TomTom ecoando com saúde e vida… meu peito tá em paz.
Ver a Ana com a filha no colo, sorrindo de novo, me emociona de um jeito que nem sei explicar. Lembro das noites em que ela dormia abraçada com a roupinha da bebê, sem saber se ia tê-la de volta. Lembro da culpa nos olhos dela, da angústia de não poder fazer nada. E hoje… hoje ela tá ali. Inteira. Mãe. Leoa. Vitoriosa.
— Obrigada, meu Deus… — murmurei baixinho, passando a mão na barriga que já começa a dar sinais de vida.
A gravidez tá mexendo comigo. Os hormônios tão em festa, e eu ando chorando por tudo. E por nada também. Mas se tem uma coisa que me faz chorar de verdade é pensar no tanto que a Ana sofreu. Pensar que, por um instante, a gente acreditou que Deus podia permitir que a Bárbara fizesse um