Anthony narrando
O vento batia na minha cara igual tapa de realidade. O helicóptero subia, virava de lado, tremia com o peso, e eu ali — pendurado, feito alma sem corpo, só impulso e desespero. Meus dedos doíam tanto que parecia que iam explodir. Cada manobra que o piloto fazia, era como se ele gritasse "solta, filho da p#ta!" sem dizer nada.
Mas eu não ia soltar.
Nem fudendø.
Minhas mãos estavam rasgadas, a pele arrancando na pressão do ferro frio do trem de pouso. O sangue escorria quente pelos meus braços, e eu só pensava numa coisa: ela tá ali dentro. A minha filha. A minha Antonela.
Se ela ia sair daquele helicóptero, eu ia junto.
O piloto puxou mais uma curva fechada, o helicóptero tombou no ar, me arremessando pro lado. Por um segundo, só por um segundo, minha mão direita soltou. Meu coração gelou. Mas a esquerda segurou com tudo o que restava de mim.
Gritei.
Um grito de dor, de ódio, de amor, de tudo junto.
— NÃO VAI ME DERRUBAR, SEU DESGRAÇADO! — eu urrava, como um animal fer