Ana Kelly narrando
Eu não conseguia mais ficar sentada. Enquanto todos se movimentavam, se armavam, gritavam ordens pelo rádio e tentavam bloquear qualquer rota de fuga da desgraçada da doutora Mariana, meu coração batia cada vez mais forte. Eu sentia no peito que, se ficasse parada esperando, eu ia enlouquecer.
Levantei, com as mãos trêmulas, e fui até o criado-mudo. Peguei a única coisa que me mantinha firme desde que tudo começou: uma foto da Antonela. Ela ainda era uma manchinha no ultrassom, mas era o meu mundo inteiro. Beijei a imagem com os olhos marejados.
— Filha... a mamãe tá indo te buscar. A gente vai ficar juntas, eu prometo.
Me virei de repente, com os olhos acesos. Caminhei até a sala onde Dona Luísa falava no telefone com alguém da segurança, e parei na frente dela, decidida.
— Eu vou pra Nova York.
Ela arregalou os olhos.
— Como é que é?
— Eu vou pra Nova York. Agora. Hoje. Enquanto todo mundo tá focado na doutora Mariana aqui, eu vou atrás da Antonela. Eu sei que ela