Luísa narrando
A noite já tinha caído há algumas horas, e o quarto do hospital estava silencioso, só com o som do monitor marcando os batimentos da Ana Kelly e o soro pingando devagar. Ela dormiu um pouco mais tranquila depois da última medicação, e eu fiquei ali sentada na poltrona, vigiando como quem vigia um tesouro.
As luzes da cidade piscavam pela janela enquanto eu mantinha os olhos nela, atenta a qualquer sinal. Foi então que a porta se abriu devagar. Era a doutora Gabriela, a médica responsável pelo caso. Simpática, jovem, mas com aquele olhar firme de quem sabe o que faz.
— Boa noite, dona Luísa. E pra nossa paciente também.
— Boa noite, doutora — respondi, me levantando devagar. Ana já acordava, ajeitando o cabelo com os dedos.
— Conseguiu dormir Ana Kelly? — a médica perguntou, com um sorriso leve.
— Dormi sim, doutora. Me sinto melhor.
Ela consultou os exames no tablet que carregava e se aproximou da cama.
— Vamos lá… seus exames deram todos normais. A saturação voltou ao