Ana Kelly Narrando
Quando abri os olhos, tudo parecia meio turvo, meio longe… só conseguia sentir o toque quente da mão do Anthony na minha. O coração ainda apertado, o peito pesado, e aquela lembrança me atravessando feito faca: minha vó Antonela… minha única família… se foi.
Tentei levantar, mas o corpo não obedecia. Anthony se inclinou, me abraçou devagar, me protegendo como sempre fazia. E eu, mesmo fraca.
— Eu… preciso… ir embora… Preciso resolver as coisas… o velório… o enterro… — só conseguimos morar.
Minha voz falhava, o choro engasgado. O coração parecia que ia explodir, mas eu não podia ficar ali parada, precisava fazer alguma coisa, precisava honrar a minha vó, cuidar do último adeus dela.
Só que, antes que eu conseguisse me mexer, a sogra se aproximou, pegou na minha mão com aquela firmeza que só ela tinha, com aquela ternura que me desmontava sempre que eu mais precisava.
— Não, minha filha… você não precisa fazer nada agora — ela disse, acariciando meus cabel