Estevão Narrando
Ela virou as costas e saiu andando rápido, sem nem me deixar falar.
Fiquei uns segundos ali, travado, olhando ela se afastar com aquele jeito dela… cheia de marra, cheia de raiva… mas, porra… cheia de razão também.
Me levantei num impulso, joguei umas notas em cima da mesa e fui atrás.
— Karen! Espera aí! — chamei, acelerando o passo.
Ela nem virou.
Atravessou a rua e foi andando pela calçada, o salto batendo forte no chão, igual ao coração dela batendo no peito, eu tenho certeza.
— Pørra, Karen… PARA! — gritei de novo, alcançando ela e segurando no braço, de leve, com medo dela me empurrar na frente de todo mundo.
Ela parou, respirou fundo e me olhou, com os olhos brilhando, cheios de lágrima e ódio misturado.
— Me escuta… eu… eu não tô entendendo nada, Karen. Juro. Não sei quem é essa mulher… não sei por que mandou aquilo… eu só sei que a única coisa que eu queria era vir almoçar contigo, olhar na tua cara… e pedir desculpa.
Ela ficou me encarando, sem dizer nada.