Karen Narrando
Eu já tinha desligado aquela pørra daquela chamada. O telefone tava jogado na mesa, a tela preta, mas o estrago já tava feito. Fiquei ali, parada, olhando pra ele, o sangue borbulhando, a respiração pesada, e ele… ele sem nem conseguir me encarar.
Minha mão tava fechada, tremendo. Eu queria socar alguma coisa, ou melhor, alguém. Não era possível que justo comigo isso tava acontecendo… comigo que me entreguei inteira pra ele, que fiz amor até de madrugada, que preparei café, que desejei esse homem em cada canto da minha pele.
E agora… agora uma desgraçada me aparece do nada, mandando vídeo se tocando pra ele?
Andei até o outro lado da mesa, sem nem perceber, só querendo me afastar um pouco pra pensar, mas não tinha como pensar. A raiva só tomava conta. Fiquei andando em círculos, sentindo o olhar das pessoas do café, mas pouco me importava. Que olhassem!
— Pørra, Estevão… — falei, quase num sussurro, com a voz embargada, mas me recusei a chorar. Não vou, não agora.
Ele