Ana Kelly narrando
Eu pensei que ia morrer ali. Sozinha. Apanhando todos os dias. Sendo humilhada, esquecida, descartada. Achei que nunca mais ia ver a luz do sol, sentir o cheiro de casa, o gosto de comida quente. Achei que o tempo tinha acabado pra mim. Mas, de repente… tudo mudou.
O barulho da porta arrebentando, os gritos, os tiros, o caos… E no meio daquela confusão, eu ouvi. Ouvi a voz dele.
— Ana Kelly! —
Era o Anthony. Aquele grito me devolveu a vida. Eu não conseguia ver direito, meu rosto tava inchado, minha visão turva, mas o cheiro… o cheiro dele… Eu reconheceria até no inferno. Quando ele se aproximou e me tocou, o corpo dele me envolveu como se fosse abrigo. Como se dissesse: “acabou”.
Eu chorei tanto que não tinha mais lágrima. O coração disparava dentro do peito como se fosse explodir. Quando ele me pegou no colo, mesmo toda quebrada, me senti inteira. Me senti viva. Foi como nascer de novo.
No carro, eu não conseguia falar, mas ele me abraçava como se tivesse medo de