Anthony narrando
O cheiro de mofo, sangue e sujeira ainda estava no ar. A respiração da Ana Kelly vinha fraca, mas viva. Quando entreguei ela nos braços do meu pai, o ódio dentro de mim já tinha me tomado por inteiro. A Brenda tava ali, encostada na parede do corredor, algemada por um dos seguranças, o rosto inchado de raiva, mas o olhar perdido. Ela não acreditava. Não acreditava que o Marcelo tinha virado o jogo.
— E a Bárbara? Ela sabe disso? — foi o que ela teve coragem de perguntar.
Marcelo riu. Um riso debochado que ecoou no silêncio tenso da casa.
— Nem vai saber, porque você vai morrer antes, vacilona.
Eu não esperei mais nada. Caminhei até ela com os punhos cerrados, minha visão turva de raiva. O grito de revolta da Ana Kelly ainda tava vibrando na minha mente. O jeito que ela tava amarrada, tratada feito bicho, com os olhos fundos de medo. Aquilo me destruiu por dentro.
— Tu é um lixo de ser humano, Brenda. — rosnei, agarrando ela pela gola da blusa. — Tu botou a mão em quem