Caine
É impressionante como a vida gosta de rir da minha cara. Algumas horas atrás, eu estava com Laura presa entre meus braços, gemendo meu nome como se o mundo fosse acabar. Agora, estou sentado no sofá, com um termômetro na mão, tentando convencer um garoto de seis anos de que abrir a boca para tomar remédio não é um ato de tortura medieval.
— Vamos lá, Elijah. Só uma colher. Não vai doer. — Tento ser paciente, mas minha voz continua mais áspera do que deveria.
Ele cruza os braços e faz uma careta. — Tem gosto de pum.
Quase rio, mas me seguro. — Você já provou pum pra saber?
Ele me olha sério, como se tivesse acabado de me vencer em um argumento impossível. — Não. Mas eu sei que tem gosto ruim.
Respiro fundo, lembrando das palavras de Nathan na ligação: “Ele te ama, Caine. Seja gentil.”
Gentil. A palavra ainda soa estranha quando aplicada a mim. Mas, pelo garoto, eu tento.
— Escuta, campeão. Se você tomar o remédio, amanhã a gente… sei lá… pode montar aquele foguete de brinquedo q