A luz suave da manhã entrava pelas cortinas brancas do quarto. Emma já estava de pé antes mesmo do despertador tocar. A vida voltara a pulsar em seu corpo com uma energia renovada desde a viagem a Paris e, principalmente, após a visita à escola de arte que levava seu nome.Ela passou os olhos pelo espelho e viu um reflexo cheio de história. Não apenas a artista consagrada que desfilava em galerias internacionais, mas também a mulher que um dia foi babá, esposa, mãe, e agora, professora.Sua rotina agora era dividida com amor e propósito.Pela manhã, Emma frequentava a escola pelo menos duas vezes na semana.Ela dava aulas esporádicas — às vezes oficinas de pintura contemporânea, outras vezes encontros criativos com os alunos mais jovens. Ela não fazia distinção entre talento ou técnica, apenas queria plantar inspiração.Naquela quarta-feira, por exemplo, ela chegou cedo. Trazia materiais novos, telas, tintas e pincéis doados por parceiros que ela mesma havia conquistado com sua influê
As manhãs na casa de Emma tinham aroma de café fresco, risos infantis e arte espalhada pelos cantos. Miguel, agora com sete anos, acordava sempre antes de todos e corria até o quarto dos pais para pular na cama e desejar um “bom dia” cheio de energia. Era a alegria viva da casa — inteligente, curioso e cada vez mais parecido com Alexandre, embora o brilho no olhar fosse todo de Emma.Emma gostava de começar o dia com um momento só dela. Mesmo antes do café, passava alguns minutos no ateliê improvisado no jardim. Ali, entre pincéis e cores, ela se concentrava, conectava-se com o silêncio e agradecia pela nova chance de viver.Alexandre, como sempre, era o equilíbrio da família. Dividia-se entre as responsabilidades como CEO e os momentos em casa, onde fazia questão de levar Miguel à escola, preparar o café ao lado da esposa e caminhar com ela pelo jardim nas tardes de domingo. Depois de tudo o que passaram, ele entendia que o tempo juntos era o bem mais precioso que tinham.Sofia, agor
Introdução Nunca passou pela minha cabeça que minha vida mudaria completamente ao atravessar os portões daquela casa. Eu só queria um emprego, algo que me desse estabilidade e me permitisse respirar em paz depois de tudo o que enfrentei. Ser babá da filha de um homem rico, poderoso e aparentemente inacessível não parecia parte de nenhum conto de fadas — e de fato, não era. Alexandre Vasconcelos era tudo que eu jamais pensei que me atrairia: frio, distante, cheio de cicatrizes que ele se recusava a mostrar. Um CEO de uma das maiores empresas do país, com um passado guardado a sete chaves e uma filha pequena precisando de cuidado e amor. Eu fui contratada para cuidar de Sofia... mas, no fim, foi ela quem me apresentou ao amor que mudaria minha vida. O que começou como um trabalho se transformou em algo que nenhum de nós previu. Uma conexão silenciosa, um sentimento que cresceu entre fraldas e histórias de ninar, entre noites de silêncio e olhares carregados de tudo que não podíamos
Emma e Sofia estavam terminando o café da manhã quando o som da porta da frente se abrindo ecoou pela mansão. A garotinha, que até então estava sorrindo, ficou tensa. Alexander Carter entrou na cozinha com sua presença imponente. Vestia um terno impecável, e seu olhar frio passou por Emma antes de pousar em Sofia. — Você comeu tudo, Lily? — Sua voz era séria, mas não dura. A menina assentiu lentamente, ainda segurando o ursinho. — Sim, papai. Emma fez panquecas. Alexander desviou o olhar para Emma. — Espero que não tenha colocado açúcar demais. Sofia não pode comer doces em excesso. Emma manteve a postura firme. — Fiz questão de equilibrar bem os ingredientes, senhor Carter. sofia se alimentou de forma saudável. Ele arqueou uma sobrancelha, como se não esperasse uma resposta tão direta. — Ótimo. Houve um breve silêncio antes de ele se virar para sair. — Senhor Carter? — Emma o chamou, sem pensar. Ele parou e olhou para ela, intrigado. — Sim? — Sei que sua
Emma seguiu Alexander até a elegante sala de jantar, tentando esconder sua surpresa. A mesa era enorme, feita de madeira escura e impecavelmente organizada. Margaret serviu os pratos sem comentar nada, mas Emma percebeu seu olhar curioso. Alexander sentou-se à cabeceira, indicando para que Emma se acomodasse à sua direita. — Espero que goste de comida italiana — ele disse, pegando os talheres. — Adoro — respondeu, ainda um pouco desconcertada. O jantar começou em silêncio. O único som era o tilintar dos talheres contra os pratos. Emma sentia o olhar de Alexander sobre ela de tempos em tempos, como se a estudasse. — Sofia gostou de você — ele disse, finalmente quebrando o silêncio. Emma sorriu. — Eu gosto dela também. É uma menina inteligente, mas parece carente. Alexander franziu a testa. — Carente? — Sim. Sinto que ela precisa de mais tempo com você. Ele largou os talheres e cruzou os braços. — Meu tempo é limitado, senhorita Miller. — Entendo. Mas mesmo cinc
Na manhã seguinte, Emma tentou agir normalmente, ignorando a mensagem perturbadora da noite anterior. Era só uma provocação. Ele não podia encontrá-la. Não aqui. Ela focou em Sofia ajudando-a com o café da manhã e lendo histórias para a menina no jardim. O sol brilhava, e a risada de Sofia enchia o espaço com leveza. Então, Alexander apareceu. Vestindo um terno escuro impecável, ele parou na varanda, observando a cena por um momento antes de descer os degraus. — Vejo que Sofia está bem — disse, com um tom neutro. Emma se levantou, ajeitando a saia. — Sim, ela está ótima. Passamos a manhã brincando. Alexander olhou para a filha, que corria atrás de uma borboleta, e depois voltou sua atenção para Emma. — Preciso falar com você. Ela assentiu, seguindo-o para um canto mais afastado do jardim. — O que foi? Alexander hesitou por um instante, cruzando os braços. — Sobre ontem à noite… Emma sentiu o coração acelerar. — O que tem ontem? — Você me desafiou — ele dis
Os dias seguintes se arrastaram em um turbilhão de emoções não resolvidas. Emma fez o possível para se concentrar em a Sofia e manter sua rotina intacta, mas, a cada olhar que trocava com Alexander, as lembranças do beijo vinham à tona, agitadas e intensas. A tensão entre os dois parecia palpável, mas ambos estavam tentando ignorá-la. Alexander, com sua postura fria e distante, continuava com suas responsabilidades empresariais, e Emma, com sua determinação, dedicava-se a cuidar de Sofia da melhor forma possível. No entanto, havia algo inegável no ar — uma atração que não podia ser mais ignorada. Uma tarde, Emma estava no jardim com Sofia quando o celular tocou. Era uma mensagem desconhecida. Ela hesitou antes de abrir, e, ao ler o conteúdo, o sangue lhe congelou nas veias. Número desconhecido: Não vai conseguir esconder por muito tempo, Emma. Eu sei o que você fez. Estou mais perto do que imagina. Seu corpo ficou gelado, e uma onda de pânico a invadiu. Ele estava de volta. O p
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que Emma sentiu que não conseguia respirar. A proximidade de Alexander a desconcertava, fazia com que seu corpo se rebelasse, mas ela sabia que não podia se deixar levar. Não agora. Ela deu um passo para trás, tentando recobrar sua compostura. — Senhor Carter, você está confundindo as coisas — disse, a voz firme, embora o tremor em suas mãos fosse difícil de esconder. — Eu sou apenas a babá de Sofia . Meu trabalho é cuidar dela e garantir que ela tenha tudo o que precisa. Alexander a observou com um olhar calculista. Não havia raiva, mas uma curiosidade inquietante, como se ele estivesse vendo algo que ela ainda não sabia. — Está me dizendo que aquilo, ontem, não foi nada além de um erro? — Ele a desafiou, a voz suave, mas carregada de intensidade. Emma sentiu o peso da pergunta. Como responder a algo que, no fundo, ela mesma não conseguia explicar? — Foi um erro. — Ela finalmente falou, mas as palavras saíram mais frágeis do que gost