Pov- Clara Menezes
A semana começou devagar.
Devagar demais.
Acordei na segunda-feira com a sensação de ter levado uma surra — não só no corpo, mas em algum lugar mais fundo. A cabeça pulsava num latejar constante; a boca estava seca, amarga, como se eu tivesse passado a noite mastigando areia. O estômago reclamava, frouxo, vazio demais, e a pele arrepiava sem motivo, mesmo sob o cobertor.
As lembranças da noite de domingo vinham em pedaços quebrados.
Sem sequência. Sem lógica.
A Isa rindo.
O drink vermelho, doce demais.
O rapaz loiro perto demais, falando perto demais.
Depois disso… nada.
Um apagão denso. Pesado.
Como se alguém tivesse puxado um pano escuro por cima de tudo.
Levantei-me do sofá com cuidado, o chão parecendo instável sob meus pés. Cada passo vinha acompanhado de uma leve tontura — aquela sensação estranha de não confiar totalmente no próprio corpo.
Isa estava sentada à mesa, com o celular nas mãos e olheiras profundas, dessas que denunciam uma noite inteira sem