Patrícia percebeu que o amor estava ali antes mesmo de aceitar o nome.
Não chegou como arrebatamento, nem como promessa sussurrada no ouvido. Chegou como permanência. Como alguém que ficava mesmo quando não havia nada a resolver, nada a consertar, nada a provar.
Enzo estava na cozinha naquela noite, preparando algo simples para o jantar. Miguel dormia no quarto, finalmente entregue a um sono profundo depois de um dia inquieto. A casa estava silenciosa de um jeito diferente. Não o silêncio tenso dos meses anteriores, mas um silêncio habitado.
Patrícia o observava de longe.
Ele não fazia questão de chamar atenção. Não perguntava se estava ajudando o suficiente. Apenas estava ali. Presente. Inteiro. E aquilo tocava Patrícia de um jeito que ela não ignorava mais.
Sentou-se à mesa enquanto ele colocava os pratos.
— Você anda me olhando diferente — Enzo comentou, sem erguer os olhos.
— Não — Patrícia respondeu. — Eu ando olhando melhor.
Ele sorriu de leve, aquele sorriso contido que não exi