A sensação ruim persiste, mesmo agora na sala de reunião, com quinze pessoas ao meu redor. Não consigo parar de lembrar a forma como Gustavo olhou para nós, nos julgando como se estivéssemos fazendo algo de errado.
Mas não estávamos, mas por que sinto como se estivéssemos? O cansaço começa a pesar, e uma leve dor de cabeça ameaça surgir, enquanto o senhor Roberto, do departamento de crise, repete pela centésima vez que as lojas da New Lux têm reclamado da falta de produtos. O problema é real, mas o pior é saber que os donos da empresa não estão dispostos a investir na produção.
Finalmente a reunião acaba, entro na minha sala e dou de cara com Eduardo segurando uma xícara de café e em seguida me oferece.
De prontidão aceito e levo a xícara aos lábios, ansiando sentir o calor da bebida, mas sou interrompida pelas batidas na porta. Ao me virar, vejo Gustavo entrando na minha sala.
— Quero falar com você na minha sala.
Nossos olhares se encontram, e uma onda de desconforto me invade.
—