Ela me puxava para perto, tocava minha mão, ria comigo, me fazia perguntas simples, íntimas. E eu respondia. Aos poucos, sentia minhas amarras afrouxando. O medo que me acompanhava como uma sombra desde que entrei naquela boate começava a se dissolver, se misturar ao calor do álcool e ao som das batidas graves que tomavam conta do meu corpo.
Mas ainda assim… às vezes, entre uma conversa e outra, eu lançava um olhar rápido em direção ao trono vazio. Ainda esperava por ele. Mesmo sem querer admitir.
Ivana percebeu isso mais de uma vez. E toda vez que isso acontecia, ela apertava minha mão, como quem dissesse: “ele não importa agora”. E talvez, só talvez… naquela noite, ela estivesse certa.
Em algum momento, algo mudou. As luzes pareciam mais quentes, os corpos mais próximos, os olhares mais demorados. As pessoas estavam se dissipando da pista principal como fumaça. Não foi imediato. Foi quase imperceptível, como uma mudança de estação. Como quando o ar fica mais denso antes da tempesta