Alexandre ficou em silêncio por alguns segundos, olhando o líquido escuro na própria xícara de chá como se estivesse buscando coragem ali dentro. O relógio na parede fazia um tique irritante, o tipo de som que só se destaca quando o mundo ao redor está em suspense.
— Aquela noite… do incêndio — ele começou, a voz mais grave que o normal, com aquele sotaque carregado, como se cada palavra fosse pesada demais para sair. — Eu tive ajuda. Do meu assistente. Precisava encontrar você.
Eu franzi o cenho, confuso.
— Você me encontrou como?
— Rastreamento… — ele fez um gesto vago com a mão. — Celular. Ainda dava sinal. Muito fraco, mas… estava ali. Na floresta.
Eu engoli em seco. Não lembrava exatamente como tinha caído. A dor, o desespero, a fumaça… tudo era uma névoa grossa na minha mente. Mas Alexandre continuou:
— Você estava muito longe do fogo. Quilômetros. Era como… como se seu corpo soubesse que precisava fugir. Que precisava sobreviver.
Fechei os olhos por um instante, tenta