Irreversível

— Não… sei se… vou aguentar…

Um silêncio. Ele engoliu o choro, ou o desespero.

— Você aguenta. Só mais pouco. Eu… eu vou tirar você daí. Espera. Espera só. Fica. Por favor.

Então o celular caiu. O som sumiu. O mundo também.

Mas, antes que tudo escurecesse de vez, soltei uma última palavra, rouca, engasgada:

— Catarina…

E então, fui embora.

*

Quando acordei, o mundo era branco.

Luz demais. Cheiro de hospital. Bip constante.

Tentei mexer a cabeça, mas o pescoço doía como se tivesse sido esmagado por um caminhão. Os braços estavam pesados. A boca seca. Os olhos… embaçados.

Mas há uma figura sentada ao meu lado. Cabelos castanho-claros, rosto comprido, olhos fundos.

Apesar de termos nos encontrado pouquíssimas vezes, imediatamente eu reconheço: Alexandre.

— Tristan… — ele se levantou rápido, como se estivesse há dias esperando por isso. — Você acorda… você acordou!

Minha garganta era uma ferida viva.

— Água… — murmurei.

Ele entendeu. Me ajudou, com uma delicadeza quase infan
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