Lorenzo Ferraz
Eu nunca vou esquecer aquela noite. A brisa do mar tocava nossa pele como um sussurro suave, e o som das ondas parecia uma melodia composta apenas para nós dois. A praia estava deserta, o céu coberto de estrelas, e Celina… meu anjo… estava mais linda do que eu era capaz de suportar. Ela surgiu com o biquíni que eu mesmo escolhi. Um vermelho vibrante, provocante e delicado, com detalhes que imaginei exatamente para o corpo dela. Eu queria vê-la assim. Linda, livre, entregue. Quando saiu de trás da canga com aquele sorriso tímido, os cabelos soltos caindo pelos ombros, eu perdi o ar. — Está... maravilhosa — sussurrei, me aproximando. Ela sorriu, envergonhada, cobrindo parte da barriga com as mãos. Mas eu segurei seus pulsos com delicadeza e levei suas mãos ao meu peito. — Não se esconde de mim, Celina. Você é perfeita. Os olhos castanhos dela brilharam, e naquele instante eu soube: era agora. Tínhamos esperado tempo suficiente. Construímos algo bonito, sólido. Com respeito, carinho, e agora, desejo. Ela me queria tanto quanto eu a queria. Eu sentia nos olhares, nos toques, nos beijos que ficavam cada vez mais intensos. Nossa primeira vez seria ali, sob o céu, com as estrelas como testemunhas. Estendi uma toalha grande sobre a areia e a puxei pela cintura, colando nossos corpos. — Tem certeza? — perguntei, meu rosto a centímetros do dela. Ela assentiu, as bochechas coradas, os olhos fixos nos meus. — Com você… eu tenho. Nosso beijo foi lento, carregado de sentimento. Comecei acariciando sua cintura, com calma, respeitando cada reação. Seu corpo tremia levemente, mas ela não recuava. Pelo contrário. Seus dedos cravaram nos meus ombros quando me ajoelhei à sua frente e comecei a beijar sua barriga, com adoração. — Você é o meu anjo — sussurrei. — E eu prometo fazer tudo com amor, sem pressa. Deitei-a na toalha, sobre a areia ainda morna da noite. Me deitei ao lado dela, acariciando seus cabelos enquanto nossos lábios se encontravam de novo. Meus dedos passeavam por seu corpo com reverência. Fui tirando o biquíni com cuidado, observando seu rosto o tempo todo. Quando a parte de cima caiu, ela mordeu o lábio, tímida. — Ei… — falei, segurando seu rosto. — Você é linda. Linda demais. Beijei cada parte dela. Primeiro os lábios, depois o pescoço, os ombros… Desci até os seios, onde fui ainda mais delicado. Queria que ela sentisse prazer, não medo. Queria que aquela noite fosse inesquecível. Ela arqueou o corpo, fechou os olhos, e soltou um suspiro. — Lorenzo… O som do meu nome nos lábios dela me enlouqueceu. Mas eu precisava ser gentil. Desci lentamente, beijando sua barriga, sua cintura, suas coxas. Tirei a parte de baixo do biquíni como se estivesse desvendando um segredo precioso. Celina era a mulher da minha vida. E eu a teria ali, pela primeira vez, do jeito mais puro e verdadeiro. Me despi também. Deitei entre suas pernas com calma, encostando nossos corpos. Segurei suas mãos. Queria que ela se sentisse segura. Queria que soubesse que eu estava com ela em cada segundo. — Vai doer um pouquinho, meu amor… mas eu vou ser o mais gentil possível. Se quiser parar, a qualquer momento, é só me dizer. Ela assentiu outra vez. Os olhos marejados, mas não por medo. Era emoção. — Eu confio em você, Lorenzo. Só em você. Entrei nela com o máximo de cuidado, sentindo seu corpo me acolher devagar. Ela gemeu baixinho, e eu parei. — Está tudo bem? — Sim… continua, por favor. Nos movemos juntos, lentamente. O corpo dela se ajustando ao meu, nossos olhos fixos um no outro. Era como se só nós dois existíssemos. Senti quando a dor passou e o prazer tomou conta dos sentidos dela. O jeito como me agarrava, os suspiros longos, o corpo em perfeita sintonia com o meu… era a coisa mais linda que já vivi. — Eu te amo, Celina. — Também te amo, Lorenzo… muito… Aquela primeira vez não foi apenas sexo. Foi entrega. Foi o encontro de duas almas já entrelaçadas, agora unidas também pela carne, pelo desejo, pela promessa silenciosa de eternidade. Quando terminou, a abracei forte, a enchi de beijos e cobri seu corpo com o lençol que trouxe. Ficamos ali, deitados, sentindo a brisa do mar nos envolver. O céu estrelado acima, as ondas quebrando ao fundo, e ela, enroscada em mim, com um sorriso sereno no rosto. — Foi… lindo — ela sussurrou. — Você é linda. E agora é minha. Toda minha. Ela riu baixinho, os olhos brilhando. — Sempre fui sua. Naquela noite, a inocência virou paixão. E a paixão virou rotina. Depois da nossa primeira vez, não conseguimos mais parar. Sempre que podíamos, fazíamos amor com intensidade, com vontade, com paixão. Mas nunca sem amor. Cada vez era única. Cada toque, cada suspiro, cada beijo — tudo era como se o tempo parasse só pra nós. Ela me esperava ansiosa depois da escola, e eu a encontrava em lugares secretos. No meu carro, nos fundos do colégio, no terraço do prédio de um amigo meu… qualquer lugar era um templo para nosso amor proibido. E toda vez que eu a penetrava, eu sabia: ela era minha. Minha metade. E ela sentia o mesmo. — Você me viciou, Lorenzo… — ela dizia, colada ao meu corpo, os cabelos grudando de suor. — Você é minha droga preferida — respondia, antes de beijá-la de novo, com fome. Nossa conexão era inexplicável. Não era só físico. Era espiritual. Era como se nossos corpos soubessem exatamente o caminho do prazer um no outro. Ela se entregava com doçura e ardor. Começou tímida, insegura… e em poucas semanas, era ela quem me puxava, me arranhava, pedia mais. E eu dava. Dava tudo. O melhor de mim. Minha força. Meu carinho. Minha loucura. Celina tinha o poder de me desmontar com um olhar. De me enlouquecer com um toque. Era fogo e calmaria. Doçura e desejo. Um anjo com um corpo que me deixava fora de mim. E eu a amava por tudo isso. Por cada detalhe. Por cada suspiro. Por cada entrega. Aquela noite na praia foi o início de tudo. O marco que selou nossos corpos e nossos destinos.Lorenzo Ferraz Acordo nu, com uma dor de cabeça infernal e no quarto da Gabrielle. — Merda… — murmuro, esfregando os olhos. O que diabos estou fazendo aqui? Olho em volta, tentando encontrar alguma pista. Nada. Nem minha amiga está no quarto. Gabrielle... Onde você se meteu? Lembro vagamente dela me ligar no meio da noite dizendo que estava passando mal. Saí correndo de casa, preocupado, mas agora estou aqui... nu… e sem memória. Merda, cadê a Celina? Meu anjo deve estar apavorada com meu sumiço. Eu também estou — mas pelo desaparecimento dela. Me visto às pressas. Minha roupa está jogada no chão como se tivesse sido arrancada. Meus sentidos ainda estão turvos. Tento me lembrar de cada detalhe da noite anterior, mas tudo é um borrão. Uísque... Lembro que tomei uma dose, e depois disso, nada. Um apagão total. Saio do apartamento da Gabrielle e sigo direto para a escola. O horário da aula da Celina estava prestes a acabar. Esperei. E esperei. Mas ela não apareceu. Isso se repe
Gabrielle Vidal Meu nome é Gabrielle. Branca, olhos verdes, rica, bonita. E completamente apaixonada pelo meu melhor amigo desde sempre. Lorenzo. Desde a infância, ele foi meu porto seguro. O menino gentil que enxugava minhas lágrimas quando caía no parquinho, que dividia o lanche comigo, mesmo quando era seu favorito. Crescemos juntos, lado a lado, como se o universo já soubesse que nossos destinos estavam entrelaçados. Mas, aos dezessete anos, algo dentro de mim mudou. Uma espécie de clique. Uma descoberta inesperada. O carinho que eu sentia por Lorenzo se transformou em algo mais... algo mais quente, mais urgente, mais intenso. Eu não conseguia mais olhar para ele e vê-lo como um irmão. Ele era o homem dos meus sonhos. E o pior? Ele parecia alheio a tudo isso. Lorenzo sempre foi discreto, reservado. Nunca o vi com uma namorada, nunca o ouvi comentar sobre paixões. Todos os nossos colegas falavam de suas experiências amorosas, de seus desejos, das primeiras vezes. Eu mesma, q
Gabrielle Vidal Passei dias obcecada com uma única missão: descobrir quem era a namorada secreta de Lorenzo. Ele não me dava pistas. Não publicava fotos. Não levava ninguém nas festas. Não comentava nomes. Era como se a mulher não existisse. Mas eu sabia que existia. A ligação apaixonada que ouvi naquela noite não saía da minha mente. "Eu te amo tanto, mas logo nos veremos, tá bom, minha linda?" — as palavras ecoavam na minha cabeça, cada vez mais afiadas. Eu precisava arrancá-la da vida dele. A dúvida me corroía. Era uma mulher? Era um homem? Era uma ilusão? Até que uma tarde comum se transformou em um pesadelo. Ou melhor, um presente. Tudo depende do ponto de vista. Estava indo ao shopping, quando vi Lorenzo atravessando a rua com alguém. Uma garota. Ela devia ter no máximo dezessete anos. Estava usando o uniforme carregava uma mochila nas costas. Os dois estavam de mãos dadas, sorrindo. Um sorriso leve, verdadeiro, apaixonado. Mas o que realmente me fez parar foi a ima
Gabrielle Vidal No outro dia, quando cheguei na faculdade, Lorenzo estava sentado no banco perto da entrada, sorridente. Ele parecia leve, como se o mundo estivesse finalmente nos trilhos para ele. Aquilo me irritava. Como ele conseguia sorrir daquele jeito? Como podia parecer tão pleno, depois de tudo que vivemos? Como ousava me ignorar? — Olha, você hoje está muito feliz, hein? — disse ele, me olhando com aquela expressão tranquila que me dava nos nervos. Fingi um sorriso largo, daqueles que escondem veneno. — Sim! Me esqueci de te falar... estou namorando! Tem um mês que conheci ele. É muito lindo. Ainda está no colégio, acredita? Tem dezenove anos, mas parece ter bem mais. O pai dele é um grande empresário, é bem rico. Mas eu nem ligo pra isso, já que sou muito rica também. Menti. Com frieza, com classe. Meu sorriso era calculado, como um golpe bem ensaiado. Eu queria ver a reação dele, algum sinal de ciúmes, desconforto, qualquer coisa. Mas ele apenas sorriu. — Que bom, Gabi
Lorenzo Ferraz Poxa, que tipo de amigo eu sou? Estava julgando a Gabrielle, quando na verdade ela estava destruída por dentro. Sofrendo em silêncio. E eu, cego pela confusão, sequer percebi. Como eu ia saber? Como eu poderia imaginar que alguém poderia ser tão cruel com uma pessoa como ela? Gabrielle é forte, mas ninguém é de ferro. E ao vê-la chegar abatida, com os olhos inchados e a alma visivelmente quebrada, meu coração se apertou de um jeito que há muito tempo não acontecia. Fui até ela, sentindo a culpa me esmagar por dentro. — Poxa, Gabrielle... — comecei, com a voz embargada. — Você deveria ter me contado o que estava acontecendo. Somos amigos, não somos? Caramba, fiquei sabendo pelo meu pai... Ela apenas me olhou com um misto de tristeza e exaustão, mas não falou nada. Eu continuei: — Você me falou dele há pouco tempo... Fábio, né? Eu não o conheço, mas se você me der uma foto dele, eu juro que vou até onde ele estiver e dou uma surra nesse desgraçado. Ninguém faz isso
Lorenzo Ferraz — Oi, posso te fazer uma pergunta? — perguntei, com a voz controlada, tentando manter a calma. — Já que você anda pelas bandas de onde a Celina morava… por acaso a viu por esses dias? O cara hesitou. Eu sabia que ele era um dos que sempre dava aquela olhada maldita quando minha Celina passava. Aquilo sempre me incomodou. Mas agora... agora era diferente. Eu precisava de respostas. — Ah, então… vocês terminaram, né? — Ele se inclinou para mais perto, como se estivesse prestes a contar um segredo cabeludo. — Vi ela com um carinha aqui do colégio. Tavam se pegando feio dentro do carro. Sério, parecia que iam transar ali mesmo. O cara é mais velho, repetente. Vive de farra, mulher e gastando grana. Escutei que os dois tão apaixonadões, e que vão se casar fora e voltar como se nada tivesse acontecido. Pais ricos, sabe como é... não querem os filhos misturando com a “ralé”. E sua mina? Foi ligeira. Achou um trouxa com mais grana que você. O cara pegou ela, deu uns pegas, e
Lorenzo Ferraz Três Anos Depois Três anos se passaram desde o dia em que minha vida virou um inferno. Nesse tempo, mergulhei de cabeça nos estudos e no trabalho. Fiz cursos, treinamentos, formações executivas, tudo o que fosse necessário para me transformar no homem que sou hoje. Quando finalizei minha especialização com louvor, meu pai não hesitou: passou a presidência das Lojas Ferraz para mim e se aposentou. Herdei o império que ele construiu, mas também herdei um coração destroçado e uma alma consumida pela raiva. Não foi fácil assumir o comando com a cabeça atormentada por lembranças e fantasmas. Ainda assim, cumpri cada meta, bati cada recorde, multipliquei os lucros — enquanto dentro de mim, só restava vazio. Trabalhar se tornou meu refúgio. Porque quando estou ocupado, não penso. E quando não penso, não sofro. É simples. Heitor, meu braço direito e único amigo de verdade, já me perguntou várias vezes se quero morrer de tanto me dedicar. Ele não entende que, às vezes, essa
Celina Alves Seis anos atrás... Meu namorado só pode estar tentando me matar de vergonha! Ele vive me chamando de “anjo” na frente das minhas amigas — e é claro que elas se aproveitam disso pra me zoar até cansar. Às vezes me sinto a adolescente mais boba do mundo, mas quando é ele que fala, eu simplesmente me derreto toda por dentro. A verdade é que eu amo o Lorenzo. Com todas as minhas forças. Quando ele aparece, meu mundo muda de cor, meu coração começa a bater como se tivesse bateria de escola de samba, minhas mãos suam e minhas pernas fraquejam. Parece exagero, mas não é. Nunca senti isso por ninguém antes, e tenho certeza de que nunca sentirei de novo. Ele é lindo. Lindo de um jeito que até irrita. Alto, pele negra como noite sem lua, olhos escuros que enxergam minha alma, e um corpo definido que parece ter saído de uma revista. Quando estamos juntos, me sinto segura e especial. Quando estamos separados, conto os segundos para vê-lo de novo. Só que ele... ele é de outro mund