Capítulo 2

Lorenzo Ferraz

Se meu pai descobrir que eu namoro com uma moça simples, que mora em uma comunidade bem pobre, com certeza ele vai declarar guerra. Não uma guerra simbólica, mas uma verdadeira batalha para separar a gente. Meu pai, o poderoso empresário Roberto Ferraz, não aceita menos que o "melhor" — ou o que ele considera ser o melhor.

Mas Celina… Celina é tudo pra mim.

Inteligente, linda, determinada. Ganhou uma bolsa de estudos em uma das melhores escolas particulares de Santa Catarina. E não foi por sorte — foi por mérito. Pela força que ela tem. Pelo brilho que não se pode esconder. Eu tenho certeza que o céu é o limite pra ela. E quer saber? Ela é o meu céu.

Eu não vou deixá-la. Não importa o quanto meu pai grite, ameace, ou tente me manipular. Eu amo a Celina. E isso basta.

Claro, o amor é complicado. Principalmente quando envolve mundos tão diferentes como o nosso. Mas eu nunca fui como os outros caras da minha idade. Já tive minha fase de sair, de pegar geral, mas mesmo assim… sou virgem. E só um dos meus amigos sabe disso: Heitor, meu melhor amigo desde a infância.

E ele me zoa, lógico. Me chama de freira, de santo, de estranho. Mas eu só sorrio. Porque ele não entende.

Eu tive oportunidades. Muitas. Meninas lindas, dispostas, algumas quase se jogando em cima de mim. Mas algo em mim travava. Meu corpo simplesmente não reagia. Nenhum sinal de vida lá embaixo. Zero. E não era por falta de estímulo — era por falta de conexão. Elas queriam prazer, eu queria sentimento.

Queria algo de verdade.

Por muito tempo achei que havia algo de errado comigo. Cheguei a pensar em tudo: ansiedade, bloqueios, até problemas hormonais. Marquei psicólogo, fui a uma consulta. Me senti aliviado por finalmente falar sobre isso, mas ao mesmo tempo, envergonhado. É difícil ser um cara jovem e não sentir o que todos esperam que você sinta.

Mas então… apareceu Celina.

Foi como se tudo ganhasse sentido. O dia em que a vi, algo despertou. Meu coração disparou, minhas mãos suaram e, pela primeira vez, ele respondeu. Bastou um olhar dela pra que meu corpo inteiro gritasse por ela.

Eu não era o problema.

O problema eram as pessoas erradas.

A Celina… Ah, meu Deus… só de pensar nela, meu peito aperta. Já estamos juntos há mais de um ano. E sim, ainda não transamos. Estou esperando ela completar 17 anos. Não quero correr riscos e, mais do que isso, quero que seja no momento certo. Ela é o amor da minha vida, e não quero que nosso primeiro momento seja escondido ou com medo.

Mas não é fácil.

O desejo é um fogo constante. Basta um beijo dela, um toque, um olhar mais intenso… e eu preciso de um banho gelado. Às vezes, quando está difícil demais, eu me resolvo sozinho em casa, pensando nela. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas até me masturbar virou algo emocional. Só ela consegue me deixar assim.

Eu queria poder gritar pro mundo que Celina é minha. Que ela é minha mulher, minha futura esposa. Mas tenho que viver me escondendo. A hipocrisia é absurda. Se ela fosse rica, com certeza meu pai já estaria organizando o casamento. Mas por ela ser pobre… ele com certeza nos destruiria.

E isso me assusta.

Meu pai é um homem perigoso. Conheço bem suas estratégias sujas no mundo dos negócios. Ele pode muito bem armar algo contra nós. Uma denúncia, uma mentira. Ele já me pressionou a me aproximar de Gabrielle, filha do sócio dele. Diz que ela é “a mulher perfeita” pra mim. Perfeita? Aquela garota tem o carisma de uma porta. É como uma irmã pra mim. Como posso amar alguém que não me faz sentir nada?

Celina, por outro lado, é tudo o que eu sonhei.

Eu a vejo e penso: ela é minha alma gêmea.

Dias atrás, fui ao banco com minha mãe. Atualizamos uma conta que ela abriu pra mim quando eu era criança. Sempre foi muito discreta com isso. Disse que era "para emergências". Mas na verdade, ela sabia que meu pai poderia tentar me controlar com o dinheiro. E agora que sou maior de idade, essa conta é minha. E o melhor: só eu tenho acesso.

Ali tem grana suficiente para recomeçar. Para fugir, se for preciso.

Minha mãe entende mais do que demonstra. Ela vê nos meus olhos quando falo da Celina. Finge que não sabe, mas sabe. E secretamente me apoia.

Com aquele dinheiro, posso comprar uma casa. Posso me casar. Posso construir um lar para mim e para a mulher que amo. Não quero luxo. Quero paz. Quero liberdade.

Só que o tempo está correndo, e a pressão do meu pai está aumentando.

Essa noite é sexta-feira. Vamos sair, eu e Celina. Como sempre, busco ela com um carro diferente, para não levantar suspeitas. O medo de alguém reconhecê-la, ou me reconhecer, me atormenta. Mas vale a pena só de ver o sorriso dela.

Hoje ela usava um vestido simples, mas que desenhava perfeitamente suas curvas. A pele morena, o cabelo trançado preso em um coque alto, os olhos brilhando de felicidade. Ela é uma deusa. Um anjo. E é só minha.

— Você está linda, como sempre — falei, quando ela entrou no carro.

Ela riu, tímida, como sempre faz quando recebe um elogio.

— Você diz isso todo dia — murmurou.

— Porque todo dia você me deixa sem ar.

Fomos até um lugar tranquilo. Um parque escondido onde o som da cidade mal chega. Ali, conseguimos ser quem somos de verdade. Sem máscaras. Sem medo.

Celina encostou no meu ombro e suspirou.

— Eu queria que a gente pudesse andar de mãos dadas na rua… sem esconder.

— Eu também, meu amor. Mas juro que isso vai mudar. Logo.

Ela virou o rosto pra mim, os olhos marejados.

— E se seu pai descobrir?

— Então a gente some. Eu tenho dinheiro guardado, podemos ir pra outro estado. Começar do zero.

Ela ficou em silêncio por um tempo.

— Você deixaria tudo… por mim?

Acariciei seu rosto.

— Eu daria o mundo por você.

Ela me beijou.

Foi um beijo doce, mas intenso. Nossos corpos se aproximaram naturalmente. Meus dedos desceram pelas costas dela, tremendo. O desejo explodia em mim, e eu sabia que ela também sentia. Mas nos contivemos.

— Ainda não — ela sussurrou. — Quero que seja especial.

— Vai ser. No tempo certo.

Voltamos para o carro em silêncio, as mãos entrelaçadas.

E no caminho de volta, eu não conseguia parar de sorrir.

Minha Celina é a única que consegue fazer meu coração disparar e meu corpo reagir. Ela é minha cura. Minha verdade. E por ela, eu enfrentarei tudo.

Meu pai que se prepare.

Porque esse amor… ninguém vai destruir.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP