Lorenzo Ferraz
Estava no meu quarto desde ontem. A cabeça latejava com a força de um tambor africano. Desde que cheguei da loja, o peso da responsabilidade parecia ter dobrado sobre meus ombros. Acordei cedo hoje, com a obrigação de ir a uma reunião no centro da cidade e depois ainda voltar para a loja. A vontade de largar tudo e voltar para o meu apartamento em Santa Catarina era absurda. Queria silêncio. Queria paz. Queria distância de tudo isso.
Era tão bom quando minha única obrigação era ir para a faculdade... Eu era outro homem naquela época. O Lorenzo de hoje está cansado. Cansado de tanta responsabilidade, cansado de ser o nome que todos chamam quando algo dá errado.
Heitor até tenta me ajudar, mas no final, sou sempre eu quem resolve tudo. Sou o último a dormir e o primeiro a ser cobrado. E tudo o que eu queria agora era sumir. Ou talvez encontrar uma mulher de verdade, casar e ter um pouco de estabilidade emocional. Mas é impossível quando toda vez que me aproximo de um