Diogo se encantou com Sofia desde o primeiro momento que a viu, e fez tudo que podia para permanecerem juntos, mesmo quando ninguém mais acreditava que poderia dar certo. Agora, após treze anos do rompimento, estão frente a frente a pedido dela no lugar onde tudo começou. Mesmo com toda mágoa guardada por tanto tempo e o escudo que ele criou, é impossível que seus antigos sentimentos não o atormentem. Nunca Te Esqueci é contada alternadamente pelos personagens: Diogo conta o passado e como tudo aconteceu, e Sofia conta o presente e os motivos de ter feito tudo que fez.
Leer másAndo pelo caminho conferindo se a área dos cachorros - onde cada um tem uma casinha coberta e um espaço para brincar - está em ordem, e eles latem freneticamente para mim. Me demoro apenas um instante, depois vou até o gatil: um imenso cercado de tela onde os gatos estão preguiçosamente observando o fim do dia - alguns se esfregando pelo chão repleto de brinquedos, outros comendo ou dormindo. O gatil e dividido em três, para que não fiquem superlotados: todos com camas no fundo – suspensas nas paredes -, e a área para o sol na frente. O terreno todo fechado por um muro de quatro metros para que não consigam escalar. Dois cavalos que recolhemos est&a
Deixamos a cabana logo pela manhã, e Tomas adormeceu minutos depois no banco do passageiro. Até me sinto grata pelo silêncio e o vento suave que entra pela fresta da janela. Sorrio lembrando do período que Diogo nos seguiu com o carro, buzinando como despedida quando tomou um rumo diferente. Meus olhos marejam quando visualizo o momento que ele se esgueirou até o meu quarto, pouco antes do amanhecer. Nos abraçamos e depois de um longo beijo, Diogo murmurou: - Você iria morar comigo? – a voz cheia de expectativa. Meu coração acelerou, cheio de emoção. Claro que eu iria, não
Feliz demais para conseguir dormir – ainda mais pensando que nos dois outros quartos estão Sofia e Tomas -, me levanto e ando o mais silenciosamente que posso até a geladeira. Após beber um grande copo de água gelada percebo que, na verdade, não estou sozinho ali. - Problemas para dormir? – pergunto a Tomas, que me observa das sombras do sofá, usando moletom e uma camiseta velha. - Um pouco. – reponde, batucando na almofada. – Muitas emoções. – acrescenta de um jeito familiar. - Nem me fale – me aproximo dele, pensando que a cor dos olhos pode ser minha, mas a forma de
- Nós vamos morar com ele? – Tomas pergunta enquanto arruma suas coisas para sairmos do hotel. Diogo está nos esperando no carro, ciente de que precisávamos de um momento a sós após o turbilhão de emoções que todos sentimos. – Vocês voltaram? – seus olhos brilham de expectativa. - Fique calmo. – rio para ele, não quero que Tomas atropele etapas ou fique criando muitas expectativas – Sim, nós estamos juntos de novo. – respondo com menos euforia do que realmente sinto. Ele sorri, extremamente feliz por finalmente ter o pai que sempre desejou por perto
- Ele está ansioso por isso. – Sofia responde com um sorriso que me recorda os velhos tempos. Uma onda de nervosismo passa por mim. E se ele não gostar de mim? O que se pode sentir por um pai que nunca esteve perto? Ele consegue entender porque eu nunca fiz nada por ele? - Quando? – pergunto depois que pagamos a conta e saímos para o ar mais gelado da noite, devido à chuva de antes. - Se quiser, podemos ir agora. Ele está esperando desde ontem por isso. – nos encaramos por um instante, em completo silêncio – Se você quiser. – ela repete. - Eu quero. – tento falar firme, mas min
- Foi horrível o que ela fez com você. – Diogo me diz enquanto dirige. Resolvemos comer em algum restaurante na cidade. Fazer algo leve depois de tanta pressão juntos dentro da cabana. – E comigo também. – acrescenta com rancor, sem tirar os olhos da estrada chuvosa. - Queria proteger você. – tento amenizar, porque realmente sei que Daniela é tudo o que restou da família dele. Não que eu não tenha certa mágoa dela, mas ainda não quero dizer nada que possa fazer Diogo odiá-la mais do que nesse momento.&
Desci do ônibus completamente exausto depois de passar o dia numa frustrante entrevista numa loja de materiais de construção em outra cidade. Avistei Sofia sentada num dos bancos e senti uma suave pontada de ânimo. Era só do que eu precisava para meu dia melhorar consideravelmente. - Ei. – sorri, me aproximando, mas ela não sorriu de volta. Nos abraçamos um pouco além do costume e um pouco mais apertado do que o habitual. Algo dentro de mim se agitou, como um alarme soando. – O que foi? - Diogo, eu estou me mudando essa noit
Nos acomodamos no sofá, lado a lado como eu pedi, e respiro fundo algumas vezes para organizar meus pensamentos e ter a coragem de dizer tudo que é necessário. - Quando você soube? – Diogo logo pergunta. Ele está com os cotovelos apoiados nas coxas e a cabeça entre as mãos. Seus cabelos estão completamente despenteados. - Minha menstruação atrasou e eu comprei um teste. – conto lentamente – Você tinha ido fazer aquela entrevista de trabalho e ia passar o dia todo fora. Lembra? - Lembro. – ele me olha – Aquela loja de materiais de construção n