DANTE KINGSTON
Eu estava olhando para Marina, que amamentava nossa filha. Ela olhou para mim e desviou o olhar. Já se passaram dois meses desde o incidente e, até agora, acho que estou cumprindo minha palavra de ficar longe dela. E ainda assim, fazendo tudo o que um bom marido deve fazer.
— Marina, eu fiz o jantar, venha depois que terminar.
Ela assentiu.
Preparei um prato para ela e outro para mim, embora eu saiba muito bem que, nesses últimos meses, quase não consegui comer nada. A preocupação constante com minha filha e minha esposa, enquanto tento mantê-las felizes e seguras, tem me afetado. Eu não queria que ela descobrisse, então sempre como sozinho. Tanto quanto consigo comer. O que, infelizmente, não é muito.
Vi Marina se aproximando.
— Ela está dormindo? — perguntei.
— Sim.
E então vieram as respostas mais curtas que me fizeram perceber sua irritação.
— Algo está errado? Você está com dor ou...?
— Pare com isso, Dante. — fiquei surpreso com seu tom de voz áspero.