A luz do sol filtrava-se pela janela alta do apartamento luxuoso em São Paulo. O relógio marcava pouco depois das sete da manhã quando o celular de Patrícia vibrou sobre a mesa de vidro da sala. Ela estava de roupão, uma xícara de café pela metade esquecida ao lado do notebook ainda aberto, quando o nome “NÚMERO RESTRITO” apareceu na tela.
Atendeu com um movimento rápido, o olhar desconfiado.
— Fale — disse, sem qualquer traço de cordialidade.
A voz do outro lado era masculina, calma, quase seca. A conversa durou menos de dois minutos. E, ao final, Patrícia se levantou num pulo, derrubando a xícara e espalhando café pela superfície branca.
— Ele fez o quê? — vociferou, apertando o celular com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. — Está com ela onde?
A resposta, do outro lado da linha, veio com a mesma calma inquietante.
Ela ficou alguns segundos em silêncio, andando de um lado para o outro, os cabelos soltos e desalinhados caindo sobre os ombros, o rosto ruborizado — não p