Romances de época. A história de duas mulheres do século dezenove (1885) que precisam fugir para não serem forçadas a viver como submissas a um marido e um patrão cruéis e desprezíveis. Lyanne e Irina buscam o único modo de serem livres. Fugirem de suas casas em busca do desconhecido, aceitando um casamento por contrato com dois desconhecidos. Histórias leves, delicadas e amorosas, sobre amores verdadeiros em uma época que as mulheres não tinham direito. Mas elas podiam sonhar.
Leer másParte 1...
Sunnydale, 1885
Lyanne tinha dormido muito mal. Na verdade ela pouco conseguiu dormir, agitada pela frustração e nervosismo de saber que seu futuro estava ligado a um desejo cruel e mesquinho das pessoas que deveriam portegê-la.Era difícil demais controlar as batidas do coração. Ela já tinha andando por todo o quarto sem parar. Em breve seus pés abririam um buraco no chão. Sua mente estava agitada de pensamentos conflitantes.
Mas o que ela poderia fazer?
Torcia as mãos preocupada. Os pais aguardavam que cumprisse sua parte no acordo. Algo que ela não participou e nem mesmo foi questionada se aceitaria ou não. Ela apenas estava ali como uma boneca para ser colocada de um lado para outro, para servir aos interesses de seus pais.
Lá embaixo na sala, estava à sua espera um dos homens mais horríveis que ela já conhecera na sua vida ainda jovem. Uma pessoa que lhe causava até ânsia e arrepios nada bons, só de ouvir seu nome ser pronunciado.
Tinha apenas dezenove anos e muitos sonhos. Um deles com certeza não era se casar com um velho que lhe causava repulsa, como Joseph Rogan. Um homem viúvo e que tinha a reputação de ser o grande causador da tristeza de suas esposas anteriores.
Infelizmente, seu pai havia feito um acordo com ele e seria ela quem deveria cumprir. Um absurdo, mas nada podia fazer contra isso. Como a sociedade esperava, ela, como mulher e filha, tinha que acatar todas as decisões de seu pai, o chefe e cabeça da família.
E sem reclamar ou questionar. Algo difícil de se fazer.
Tudo estava certo desde seu aniversário de quatorze anos, quando a mãe a informou de que estava noiva do velho. Ela a informou de uma forma que parecia até estar comentando sobre uma simples receita de bolo. Mas era algo muito sério e importante que iria mudar toda sua vida futura.
Na época não entendeu muito bem o que isso queria dizer e o que representava em sua vida, mas depois, quando ficou mais velha, percebeu que estava presa em uma situação muito delicada.
Ele preferia que o chamasse de Senhor Rogan. Tinha lhe dito isso quando o pai a apresentou a ele, em seu escritório.
Nesse momento seu coração de menina se apertou e sentiu um gelo subir por sua espinha. Sabia que dali em diante sua sorte estava marcada.
Um destino horrível, saber que estava presa a um compromisso que não tinha escolhido. Mesmo sendo filha única, seus pais não levaram em consideração o que aconteceria com ela ao se unir contra a vontade a um homem egoísta, perverso e sem nenhum atributo, a não ser o seu dinheiro.
Não era assim que ela queria se casar. Queria escolher o homem de sua vida. Alguém que fosse educado e gentil, que a tratasse bem e se possível, que a amasse e cuidasse dela. Queria ter tempo para conhecer a pessoa, conversar, observar se teriam coisas em comum, saber se combinavam para manter um relacionamento duradouro e com perspectivas de um futuro bom.
Não um homem velho, feio e repugnante, que tinha sido casado antes e que a olhava como se ela fosse sua presa e propriedade. Até parecia que ela estava em uma vitrine, igual ao que fazia o homem do açougue, quando pendurava as carnes para que as pessoas vissem ao passar em frente.
Isso a assombrava desde então. Saber que ao fazer dezoito anos teria de se casar com Joseph Rogan. Passou todo esse tempo assustada com isso, mas com esperança de que os pais mudasse de ideia e a liberassem desse compromisso, mas isso não aconteceu.
Por sorte, conseguiu adiar o casamento inventando histórias sobre não estar pronta ainda e que precisava de mais treinamento para ser uma boa esposa. Foi a única ideia que ela teve depois de pensar em sair dessa. Poderia adiar mais um pouco, fingindo estar interessada no compromisso.
Claro que isso agradou ao velho, mas não por muito tempo e agora ele exigia que o acordo entre seus pais e ele, fosse cumprido.
Fez uma prece a Deus, lhe pedindo forças e coragem para suportar o que viria. Por seus pais ela já sabia que estava condenada.
_ Lyanne, venha já aqui, garota!
Ela se assustou. A voz era dele. Já tinha chegado. Seu coração deu até um pulo.
O homem era tão abusado que nem mesmo era seu marido e já exigia que ela fosse obediente, fazendo o que ele queria. Estava em sua casa, seus pais é quem deveriam avisar para descer e não ele. Mas parecia que o valor de sua conta bancária tinha deixado seu pai cego e sua mãe muda. Não diziam nada.
Respirou fundo duas vezes, mexeu o pescoço dolorido pela tensão e desceu a escada devagar, tentando atrasar ainda mais o encontro. Até pensou em fingir estar doente, mas já tinha usado essa desculpa duas vezes antes e não poderia continuar. Até mesmo sua mãe já desconfiava dessa doença dela sempre que o homem estava na casa.
Chegou à sala e ficou nervosa. Seus pais não estavam lá, a deixaram sozinha com o homem. Mas estavam lá, não tinham saído, então deveriam ficar ao lado dela quando estivesse com ele e não sozinha.
Como podiam?
Joseph não a visitava muito, para sua alegria e alívio. Porém, nas poucas vezes em que o fazia, insistia em tocar nela de modo desagradável. Era até asqueroso o modo dele se portar. Uma falta de respeito. Ela não gostava de seu cheiro que lhe invadia as narinas e nem de suas mãos.
Não gosta de nada que vinha dele, na verdade. E não era uma birra, como sua mãe tinha dito certa vez, era natural, apenas não conseguia ficar ao lado dele. Imagine se casar?
Não gostava de sentir suas mãos em suas costas, segurando seus braços e menos ainda de seus beijos melados. Parecia que iria babar todo seu rosto e nem mesmo o tinha beijado na boca mesmo. por enquanto estava conseguindo evitar, mas não sabia por quanto tempo mais. Ele ficava cada dia mais insistente e ousado.
Seu cheiro era desagradável. Sentia de longe o odor do cigarro que ele gostava de fumar. Já tinha comentado que não gostava porque ficava com o vestido cheirando a fumaça e ele reclamou, dizendo que se acostumasse.
Era um hábito péssimo e ela não aguentava o cheiro, se sentia sufocada com a fumaça que ele soltava sobre seu rosto, de forma desagradável e sem respeito.
_ Venha, menina - ele disse seco.
Ela se aproximou devagar, o coração apertado pelo medo de estar sozinha com ele de novo. Sua mãe pelo menos deveria estar ali para acompanhá-la.
_ Você está perfeita como sempre. Venha cá!
Ele sorriu a olhando por completo. Seu vestido rosa claro indicando sua pureza de corpo e alma. Os olhos dele pareciam querer saltar do rosto.
Lyanne detestava esse modo dele a olhar. Era como se fosse pular em cima dela a qualquer momento. Ele estendeu a mão e ela relutante a segurou. Joseph a puxou com força, fazendo com que desequilibrasse e batesse contra seu peito. Já tinha feito isso uma vez anterior e ela não gostou, ele sabia disso, mas parecia fazer de propósito, como para mostrar que era ele quem mandava.
Tão logo sentiu seu cheiro ruim ela fez uma careta, virando o rosto para que não visse. Era até involuntário, não fazia isso por mal, apenas não conseguia ficar ao lado dele cheirando assim
“Senhor, meu Deus... Este homem horrível não sabe que cheira mal? Não toma banho? Como pode vir até aqui para me ver e nem mesmo está cheiroso?”
Chegou a pensar, mas não verbalizou. Isso seria uma ofensa enorme ao homem e com certeza iria reclamar aos seus pais. E nada adiantava para ela.
Seu odor penetrou em suas narinas a deixando enjoada. De certo se tivesse coragem suficiente, poderia ter uma conversa mais séria com seus pais e eles iriam entender seus motivos para não casar com ele. Já tinha falado uma vez e isso criou uma briga onde seu pai a deixou presa em casa por dois dias e nem mesmo à missa ela pode ir.
Jamais poderia ser feliz ao lado de uma pessoa como Joseph Rogan. Só de estar ao seu lado já se sentia mal e sua repulsa só crescia.
Ele segurou seus braços, alisando devagar e cheirou seu cabelo. Sua risadinha desagradável a fazia ficar desconfortável.
Quando ele segurou seu rosto entre as mãos de dedos gordos e unhas feias, algo aconteceu em seu estômago que começou a se revirar.
_ Quero que me dê um beijo agora - ele sorriu feio, a encarando.
Ele puxou seu rosto para perto e sem o menor aviso, tudo o que ela havia comido na noite anterior e pela manhã retornou de imediato, saindo em um jato forte e sem controle. Foi sem querer, não planejou isso, mas estava tão nervosa que seu corpo apenas reagiu.
O homem deu um grito, até histérico demais para um velho e pulou para trás, mas não conseguiu escapar do jato de vômito que foi quase todo em cima de sua roupa cara e de seus sapatos.
Parte 2...Quando ela abriu os olhos já era de manhã. Logan voltaria nessa manhã e ela estava ansiosa por isso.Entretanto, a manhã passou e veio a tarde e nada de seu marido retornar para casa. Começou a ficar preocupada e nervosa. Ele já deveria estar ali com ela.A neve estava mais alta e talvez isso o tivesse atrasado um pouco. Começou a preparar as coisas para a ceia que teriam à noite. Ele chegaria em pouco tempo, pensou positivo.Só que a tarde também passou e nada de Logan voltar.Sentada na poltrona dele de frente para a lareira ela apertava as mãos de nervosismo, quase chorando. Olhou para a mesa onde estava a ceia posta e bonita, aguardando por ele.Deu um soluço nervosa, sem querer liberar o choro, mas só pensava que estava sozinha ali e não sabia onde seu marido estava.Ouviu passos nos degraus da varanda e seu coração bateu forte e acelerado. Ficou de pé. Deveria ser Logan.Andou até a porta, mas antes que se aproximasse ela se abriu e seu marido entrou, batendo os pés p
Parte 1...Quando Irina acordou ela se sentia diferente.Estava feliz por finalmente ter consumado seu casamento e agora ela era mesmo uma mulher casada e com um futuro pela frente. Quem sabe até, filhos.Os braços dele estavam em volta dela, a apertando contra seu corpo, como se fosse prendê-la na cama. E como se ela fosse querer fugir dali. Se sentia tão confortável em seus braços.Aos poucos ela conseguiu sair de seus braços e deslizou lentamente para fora da cama, mas nem conseguiu dar um passo pois ele logo a puxou de volta para a cama.— Bom dia, esposa - a beijou no rosto.— Bom dia, marido - riu — Preciso levantar.— E por que, não está bom aqui?— Está ótimo - ela o beijou dessa vez — Mas eu preciso levantar para preparar seu café. Você vai sair com fome para o trabalho?— Posso sair, desde que você fique mais comigo.— É, a cama é bem confortável - brincou.— Ah, a cama não é?Ele riu e começou a fazer cócegas nela que se debatia para se livrar, até que pararam em um beijo r
Parte 3...Quando ele chegou em casa no início da noite, ficou surpreso com o que viu. Queria ter chegado mais cedo, porém dois clientes chegaram já no fim do expediente e queriam serviço completo.Ele não sabia como ela conseguira fazer tudo aquilo sozinha, mas foi a primeira vez que ele viu sua casa tão bonita à noite.— Amor, a casa está perfeita.Ele a abraçou por trás, enquanto ela secava a panela. Por um instante ela parou de respirar, pela surpresa de ter ouvido a palavra amor vinda dele.Estaria certa ou ouviu errado?— Que bom que gostou - se virou e passou os braços por seu pescoço — Tive ajuda.— De quem? - franziu a testa.— Greta e Lyanne estiveram aqui hoje à tarde.— Ah, certo. Quer dizer que seu marido não serve para te ajudar, mas suas amigas sim - brincou.— Não seja bobo - riu — Eu não poderia mandar minhas amigas embora, não é?— Eu sei. Estou brincando. Vocês fizeram um belo trabalho aqui. Nunca vi a casa desse jeito.Ela sorriu, feliz por mais uma vez ele aprecia
Parte 2...Logan pagou a árvore e eles seguiram para casa, refazendo o trajeto, conversando sobre decoração. Ela falava sem parar.Antes de irem direto, ele entrou de novo no caminho para o centro e passou em duas lojas que vendiam os enfeites e outras coisas para o Natal. Deixou que Irina escolhesse o que mais gostava.No começo ela ainda lhe perguntou se poderia levar isso ou aquilo, mas depois que ele disse que ficaria do lado de fora da loja se ela não escolhesse, acabou parando de perguntar e passava entre os corredores mexendo nos enfeites e escolhendo.Voltaram para casa com duas sacolas dos mais diversos artefatos natalinos. Alguns que ele nem sabia para o que serviam.** ** ** ** ** ** **— Acho que aqui está bom, não está?Logan perguntou a ela depois que apoiou corretamente a árvore próxima da lareira que ele tinha acendido ao chegarem, pois ambos estavam com frio. O tempo tinha esfriado no caminho de volta.— Está sim - balançou a cabeça — E vai ficar ainda melhor amanhã,
Parte 1...Logan estava agoniado e ansioso para ir logo para casa. Teve vários clientes pela manhã, o que foi ótimo, mas queria dar uma parada e correr para casa e ver sua Irina.Depois da conversa que tiveram na noite anterior ele tinha percebido que agora estava mesmo unido à sua mulher e queria que ela se sentisse bem ao seu lado. Talvez assim um dia, ela viesse a ter um sentimento grande por ele, talvez até amor.Quem sabe os designíos da vida?Quando o último cliente da manhã saiu, ele largou a barbearia com seu ajudante e correu para casa, para lhe fazer uma surpresa.— Irina, cheguei em casa - disse alto.— Ué... - ela saiu do quarto com os braços cheios de roupas que estava mudando para o quarto dele — Mas ainda não é hora do almoço - elevou as sobrancelhas — Voltou cedo hoje.Ele riu e a empurrou de volta para o quarto, caindo em cima da cama com as roupas e tudo.— Estava com saudades de você.— Você mal saiu de casa - riu quando ele a beijou no pescoço e nos ombros — O almo
Parte 3...— Eu não queria te falar, para você não pensar mal de mim ou ter vergonha de me ter como sua esposa.— Bobinha - beijou sua cabeça — E porque eu teria vergonha? Você fez algo de errado ou vergonhoso?— Não - disse choramingando, emotiva.— Então pronto - deu uma risadinha de leve — Esse tipo de homem é que deveria ter vergonha. Você vai me contar tudo o que aconteceu, está bem? - ela fez que sim — Quem fez o erro maior foi esse velho arrogante, que abusou de uma pessoa boa.— Mas... Eu era só uma empregada comum.— E qual o problema disso? Muitas pessoas são empregadas e nem por isso devem ser maltratadas e humilhadas.— Foi por isso que eu fugi - confessou — Eu tinha muito medo do que ele poderia fazer comigo um dia - secou uma lágrima — E depois que Lyanne fugiu para não se casar com ele, ficou pior. Ele me batia e me xingava sempre, colocando a culpa de tudo em cima de mim.— E ninguém ajudava você? - sentiu raiva.— Não - falou baixinho — Os empregados têm medo dele e m
Último capítulo