Noivas por Contrato
Noivas por Contrato
Por: Ninha Cardoso
Capítulo Um - 1

Parte 1...

Sunnydale, 1885

Lyanne tinha dormido muito mal. Na verdade ela pouco conseguiu dormir, agitada pela frustração e nervosismo de saber que seu futuro estava ligado a um desejo cruel e mesquinho das pessoas que deveriam portegê-la.

Era difícil demais controlar as batidas do coração. Ela já tinha andando por todo o quarto sem parar. Em breve seus pés abririam um buraco no chão. Sua mente estava agitada de pensamentos conflitantes.

Mas o que ela poderia fazer?

Torcia as mãos preocupada. Os pais aguardavam que cumprisse sua parte no acordo. Algo que ela não participou e nem mesmo foi questionada se aceitaria ou não. Ela apenas estava ali como uma boneca para ser colocada de um lado para outro, para servir aos interesses de seus pais.

Lá embaixo na sala, estava à sua espera um dos homens mais horríveis que ela já conhecera na sua vida ainda jovem. Uma pessoa que lhe causava até ânsia e arrepios nada bons, só de ouvir seu nome ser pronunciado.

Tinha apenas dezenove anos e muitos sonhos. Um deles com certeza não era se casar com um velho que lhe causava repulsa, como Joseph Rogan. Um homem viúvo e que tinha a reputação de ser o grande causador da tristeza de suas esposas anteriores.

Infelizmente, seu pai havia feito um acordo com ele e seria ela quem deveria cumprir. Um absurdo, mas nada podia fazer contra isso. Como a sociedade esperava, ela, como mulher e filha, tinha que acatar todas as decisões de seu pai, o chefe e cabeça da família.

E sem reclamar ou questionar. Algo difícil de se fazer.

Tudo estava certo desde seu aniversário de quatorze anos, quando a mãe a informou de que estava noiva do velho. Ela a informou de uma forma que parecia até estar comentando sobre uma simples receita de bolo. Mas era algo muito sério e importante que iria mudar toda sua vida futura.

Na época não entendeu muito bem o que isso queria dizer e o que representava em sua vida, mas depois, quando ficou mais velha, percebeu que estava presa em uma situação muito delicada.

Ele preferia que o chamasse de Senhor Rogan. Tinha lhe dito isso quando o pai a apresentou a ele, em seu escritório.

Nesse momento seu coração de menina se apertou e sentiu um gelo subir por sua espinha. Sabia que dali em diante sua sorte estava marcada.

Um destino horrível, saber que estava presa a um compromisso que não tinha escolhido. Mesmo sendo filha única, seus pais não levaram em consideração o que aconteceria com ela ao se unir contra a vontade a um homem egoísta, perverso e sem nenhum atributo, a não ser o seu dinheiro.

Não era assim que ela queria se casar. Queria escolher o homem de sua vida. Alguém que fosse educado e gentil, que a tratasse bem e se possível, que a amasse e cuidasse dela. Queria ter tempo para conhecer a pessoa, conversar, observar se teriam coisas em comum, saber se combinavam para manter um relacionamento duradouro e com perspectivas de um futuro bom.

Não um homem velho, feio e repugnante, que tinha sido casado antes e que a olhava como se ela fosse sua presa e propriedade. Até parecia que ela estava em uma vitrine, igual ao que fazia o homem do açougue, quando pendurava as carnes para que as pessoas vissem ao passar em frente.

Isso a assombrava desde então. Saber que ao fazer dezoito anos teria de se casar com Joseph Rogan. Passou todo esse tempo assustada com isso, mas com esperança de que os pais mudasse de ideia e a liberassem desse compromisso, mas isso não aconteceu.

Por sorte, conseguiu adiar o casamento inventando histórias sobre não estar pronta ainda e que precisava de mais treinamento para ser uma boa esposa. Foi a única ideia que ela teve depois de pensar em sair dessa. Poderia adiar mais um pouco, fingindo estar interessada no compromisso.

Claro que isso agradou ao velho, mas não por muito tempo e agora ele exigia que o acordo entre seus pais e ele, fosse cumprido.

Fez uma prece a Deus, lhe pedindo forças e coragem para suportar o que viria. Por seus pais ela já sabia que estava condenada.

_ Lyanne, venha já aqui, garota!

Ela se assustou. A voz era dele. Já tinha chegado. Seu coração deu até um pulo.

O homem era tão abusado que nem mesmo era seu marido e já exigia que ela fosse obediente, fazendo o que ele queria. Estava em sua casa, seus pais é quem deveriam avisar para descer e não ele. Mas parecia que o valor de sua conta bancária tinha deixado seu pai cego e sua mãe muda. Não diziam nada.

Respirou fundo duas vezes, mexeu o pescoço dolorido pela tensão e desceu a escada devagar, tentando atrasar ainda mais o encontro. Até pensou em fingir estar doente, mas já tinha usado essa desculpa duas vezes antes e não poderia continuar. Até mesmo sua mãe já desconfiava dessa doença dela sempre que o homem estava na casa.

Chegou à sala e ficou nervosa. Seus pais não estavam lá, a deixaram sozinha com o homem. Mas estavam lá, não tinham saído, então deveriam ficar ao lado dela quando estivesse com ele e não sozinha.

Como podiam?

Joseph não a visitava muito, para sua alegria e alívio. Porém, nas poucas vezes em que o fazia, insistia em tocar nela de modo desagradável. Era até asqueroso o modo dele se portar. Uma falta de respeito. Ela não gostava de seu cheiro que lhe invadia as narinas e nem de suas mãos. 

Não gosta de nada que vinha dele, na verdade. E não era uma birra, como sua mãe tinha dito certa vez, era natural, apenas não conseguia ficar ao lado dele. Imagine se casar?

Não gostava de sentir suas mãos em suas costas, segurando seus braços e menos ainda de seus beijos melados. Parecia que iria babar todo seu rosto e nem mesmo o tinha beijado na boca mesmo. por enquanto estava conseguindo evitar, mas não sabia por quanto tempo mais. Ele ficava cada dia mais insistente e ousado.

Seu cheiro era desagradável. Sentia de longe o odor do cigarro que ele gostava de fumar. Já tinha comentado que não gostava porque ficava com o vestido cheirando a fumaça e ele reclamou, dizendo que se acostumasse.

Era um hábito péssimo e ela não aguentava o cheiro, se sentia sufocada com a fumaça que ele soltava sobre seu rosto, de forma desagradável e sem respeito.

_ Venha, menina - ele disse seco.

Ela se aproximou devagar, o coração apertado pelo medo de estar sozinha com ele de novo. Sua mãe pelo menos deveria estar ali para acompanhá-la.

_ Você está perfeita como sempre. Venha cá!

Ele sorriu a olhando por completo. Seu vestido rosa claro indicando sua pureza de corpo e alma. Os olhos dele pareciam querer saltar do rosto.

Lyanne detestava esse modo dele a olhar. Era como se fosse pular em cima dela a qualquer momento. Ele estendeu a mão e ela relutante a segurou. Joseph a puxou com força, fazendo com que desequilibrasse e batesse contra seu peito. Já tinha feito isso uma vez anterior e ela não gostou, ele sabia disso, mas parecia fazer de propósito, como para mostrar que era ele quem mandava.

Tão logo sentiu seu cheiro ruim ela fez uma careta, virando o rosto para que não visse. Era até involuntário, não fazia isso por mal, apenas não conseguia ficar ao lado dele cheirando assim

“Senhor, meu Deus... Este homem horrível não sabe que cheira mal? Não toma banho? Como pode vir até aqui para me ver e nem mesmo está cheiroso?

Chegou a pensar, mas não verbalizou. Isso seria uma ofensa enorme ao homem e com certeza iria reclamar aos seus pais. E nada adiantava para ela.

Seu odor penetrou em suas narinas a deixando enjoada. De certo se tivesse coragem suficiente, poderia ter uma conversa mais séria com seus pais e eles iriam entender seus motivos para não casar com ele. Já tinha falado uma vez e isso criou uma briga onde seu pai a deixou presa em casa por dois dias e nem mesmo à missa ela pode ir.

Jamais poderia ser feliz ao lado de uma pessoa como Joseph Rogan. Só de estar ao seu lado já se sentia mal e sua repulsa só crescia.

Ele segurou seus braços, alisando devagar e cheirou seu cabelo. Sua risadinha desagradável a fazia ficar desconfortável.

Quando ele segurou seu rosto entre as mãos de dedos gordos e unhas feias, algo aconteceu em seu estômago que começou a se revirar.

_ Quero que me dê um beijo agora - ele sorriu feio, a encarando.

Ele puxou seu rosto para perto e sem o menor aviso, tudo o que ela havia comido na noite anterior e pela manhã retornou de imediato, saindo em um jato forte e sem controle. Foi sem querer, não planejou isso, mas estava tão nervosa que seu corpo apenas reagiu.

O homem deu um grito, até histérico demais para um velho e pulou para trás, mas não conseguiu escapar do jato de vômito que foi quase todo em cima de sua roupa cara e de seus sapatos.

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