José Carlos (Zeca)
A sala de interrogatório era fria, sem janelas, com uma luz branca que doía nos olhos. Estava algemado a uma cadeira de metal, e dois policiais estavam de pé à minha frente. Um deles, o delegado, tinha os braços cruzados e me olhava como se já soubesse tudo que precisava saber. O outro, mais jovem, apenas observava.
— Muito bem, José Carlos. Ou prefere que a gente te chame de Zeca? — o delegado perguntou, sentando na cadeira de frente para mim.
Eu não respondi. Apenas encarei a mesa, tentando não mostrar o medo que já consumia cada parte do meu corpo.
— Você sabe por que está aqui, né? Tentativa de homicídio. O carro de Alexandre Costa. Freios cortados. Quase matou o motorista. Mas você sabe disso.
— Eu não sei do que tão falando, não. — murmurei, mantendo a voz firme, apesar da garganta seca.
O delegado soltou uma risada seca e bateu uma pasta sobre a mesa. Abriu e puxou várias folhas. Fotos. Câmeras da oficina. Meu rosto. Meus movimentos. A prova do que eu tinha f