75. Visita
A água quente deslizava sobre minha pele, dissolvendo qualquer resto de dúvida que ainda pudesse existir entre nós. Kairos estava atrás de mim, seus dedos exploravam cada contorno do meu corpo com uma delicadeza que contrastava com a força que ele sempre transmitia. O vapor preenchia o banheiro, e, por alguns instantes, o mundo pareceu se resumir àquele toque, ao calor da pele dele e ao som ritmado da respiração entrecortada.
Havia algo de intenso e, ao mesmo tempo, pacífico naquele momento. Ele não precisava dizer nada — bastava o modo como suas mãos percorriam meu pescoço, como seus lábios tocavam meus ombros. Era um gesto de posse, mas também de cuidado. O cheiro do sabonete misturado ao perfume dele parecia impregnar o ar e minha memória.
Kairos me virou de frente e prendeu meu olhar com o dele. Os olhos dele tinham um brilho diferente, como se guardassem mil verdades e, ao mesmo tempo, um silêncio impossível de decifrar. Quando se aproximou e roçou os lábios nos meus, senti o