Eu me acomodei na poltrona próxima à janela, tentando ignorar as vozes abafadas que vinham da sala. Ele não havia demorado a ser interceptado por alguém, e, pelo tom contido da conversa, não era uma visita qualquer. Respirei fundo e tentei me convencer de que aquilo não era sobre mim. Afinal, não éramos nada definido, não havia promessas formais entre nós. Mas algo naquela voz feminina, carregada de impaciência, me mantinha em alerta.

— Você sumiu de repente, Kairos. — A frase atravessou a parede, clara o bastante para me atingir. — Fingiu que eu não existia, como se tudo que vivemos não tivesse significado algum.

Minhas mãos se apertaram contra o tecido macio do roupão. Eu deveria permanecer onde estava, mas a curiosidade me empurrava para mais perto da porta. A cada passo hesitante, a voz da mulher se tornava mais nítida.

— Você não é de desaparecer assim, ainda mais depois de Londres. — O nome da cidade me fez estremecer. Como você pode esquecer as coisas tão facilmente assim? Ou v