Cercados
Os dias seguintes à reunião de emergência foram de alerta total. Alfredo intensificou as rondas, reforçou a cerca elétrica em pontos vulneráveis e montou três pontos de vigia em torres improvisadas.
Os drones sobrevoavam a área a cada hora, e Clara revisava documentos, autorizações, prontuários médicos e relatórios de acompanhamento com uma obsessão meticulosa. Sabia que, a qualquer momento, poderiam ser confrontados e teria que provar a legalidade de tudo.
Na terça-feira, pouco depois das nove da manhã, os portões do Refúgio foram acionados. Dois veículos oficiais, com o brasão da Secretaria Estadual de Direitos Humanos e um da Vara da Infância, se aproximaram.
Alfredo os avistou pelas câmeras e avisou Clara, que já descia as escadas com o jaleco branco, prancheta em mãos, e o olhar resoluto.
— Hora de enfrentar o sistema, Alfredo. Disse, antes de respirar fundo e caminhar até a entrada principal.
Três pessoas desceram dos carros:
Um fiscal da secretaria, uma assistente