O Fim de RivasO barulho das rodas do carro na rua molhada vira um zumbido monótono em meus ouvidos. Jonh conduz em silêncio, seus olhos fixos no retrovisor, sempre atento. No porta-malas, o contêiner reforçado balança levemente, contaminado pelo cheiro forte de medo e arrogância. Dentro dele, Sergio Rivas nunca deixou de gritar ameaças. Agora, a equipe inteira está unida por um objetivo: extrair dele as informações pendentes e, depois, fazer justiça.Chegamos à garagem subterrânea da Fazenda Feitiço do Sol Nascente, um espaço subterrâneo afastado das construções centrais e imperceptível a olhos não treinados. As câmeras de Luna gravam cada passo nosso. Atrás do portão, Mateus e Theo retiram o caixote do carro com cuidado quase cirúrgico. Fernando, apesar da paralisia parcial, apoia-se em Joana, determinado a acompanhar o processo.— Segurem essa porta aberta. Ordeno, enquanto Jonh e Paola nos seguem. — Luna, ligue as luzes da sala de interrogatório, peça a Lupita que precisamo
O Interrogatório 1O ambiente no cassino muda instantaneamente. A tensão que antes dominava a sala, com o brilho das luzes e o murmúrio das apostas, se transforma em um silêncio absoluto. Raul está diante de mim, seus olhos desorientados, as mãos trêmulas enquanto tenta se segurar no braço da cadeira. A paralisia que deveria tomar conta dele já começou, mas, por alguma razão, ele ainda consegue se manter ereto. Ele não entende o que está acontecendo, não sabe como, ou por que, as fichas caíram de uma maneira tão inesperada.Eu observo sua reação com frieza, sabendo que a luta pela sua vida ainda não acabou. Ele não vai morrer aqui, não agora. Ele será levado para um interrogatório. A informação que ele tem é crucial. Mas, mais importante ainda, é que ele ainda pensa que tem algum controle sobre a situação. Ele olha ao redor, tentando encontrar um fio de esperança, uma forma de escapar. Mas ele está em nossas mãos, e não há saída.— O que está acontecendo? — Raul pergunta, a voz tensa
A EmboscadaA noite desce pesada sobre a cidade, e sinto cada batida do meu coração no silêncio que antecede a tempestade. Estou no SUV com Theo ao volante e Jonh no banco de trás, Raul preso no porta-malas do nosso carro blindado. Mateus dirige nossa van, levando os dois veículos em comboio por ruas estreitas, iluminadas apenas pelos faróis e pelo brilho ocasional de semáforos vermelhos.— Theo, confirme a rota, minha voz soa firme, mas a adrenalina corre solta.Ele olha para mim, os olhos refletindo determinação.— Quinta Avenida, depois virada à direita na Rua do Pilar. Lá tem um túnel que leva direto ao cativeiro.Os pneus cantam quando aceleramos. Jonh, encarregado de monitorar as comunicações, ajeita seu rádio:— Chefe, a perseguição começou. Dois sedãs escuros vão atrás de vocês.Meu estômago se contrai: os Cordobeses não desistiram de Raul. Ele é valioso demais. Se eles conseguirem resgatá-lo, todo nosso esforço será em vão.— Theo, não desacelere. Aperto a voz para soarmos
O Fogo CruzadoA tensão paira no ar como uma tempestade prestes a se soltar. Raul, agora completamente submisso, é arrastado pelos homens de Fernando e Éder, enquanto Paola e eu o seguimos de perto. O ambiente do cassino, antes vibrante, se transforma em um campo de guerra silencioso, onde cada passo é uma promessa de que algo muito maior está prestes a acontecer. As luzes piscam intermitentemente, e o som dos nossos passos ecoa de maneira irregular, como se o próprio cassino sentisse a ansiedade da situação.O plano estava claro, levar Raul com segurança até um ponto onde pudéssemos interrogar mais profundamente, mas algo parece ter dado errado. Não conseguimos antecipar a rapidez com que os Cordobeses reagiriam, nem a violência da resposta. De repente, um barulho de passos pesados atrás de nós. Fernando e Éder, alertas como sempre, se posicionam, suas mãos tremendo levemente ao segurar as armas. Algo está prestes a acontecer.— Fique atrás de mim, Mateus. Paola me avisa, sua v
O Tiroteio e a RetiradaAntes que eu possa reagir, mais tiros cortam o ar. Um dos homens dos Cordobeses cai, e outro, que está próximo, é atingido nas costas. O ataque deles parece mais uma última tentativa desesperada, mas a verdade é que já estamos no controle.Com um impulso, puxo Raul em direção à SUV. Fernando ainda não se move, mas os gritos de sua dor desaparecem rapidamente na retaguarda enquanto o som dos tiros se intensifica.— Théo, estamos levando Raul! grito, e ele responde com um aceno afirmativo, ainda encoberto pelas sombras da rua.Logo, estamos dentro da SUV, a porta fechando atrás de nós. O motor arranca com força, e o som das rodas cortando o asfalto é o que resta de qualquer sensação de segurança.Ao longe, os Cordobeses começam a recuar, mas não antes de verem suas baixas. A rua agora está marcada pelas sombras de seus corpos. Dois sobreviventes, ambos ainda vivos, são deixados para trás. E como parte da nossa estratégia, serão levados ao destino final.A estr
O Encontro com o Inimigo O silêncio que segue a execução dos Cordobeses é opressor. A areia se acalma rapidamente, como se a terra estivesse satisfeita com sua refeição. O vento, antes feroz, diminui e se torna uma brisa fria, carregando com ela o odor da terra e da morte. Eu me afasto lentamente, não querendo olhar para as marcas que os corpos deixaram na areia. Théo está ao meu lado, os braços cruzados, observando atentamente o local onde a areia se fechou. Ele não demonstra emoção, o que só aumenta a sensação de desconforto que eu sinto. Mas eu sei que ele está jogando um jogo maior, um jogo onde cada movimento, cada detalhe, é meticulosamente planejado. Não há espaço para falhas. — Vamos voltar. Diz Théo, quebrando o silêncio. Ele olha para mim com uma expressão fria, mas não consigo disfarçar o peso nas suas palavras. Eu sei que, em algum lugar no fundo da sua mente, ele se pergunta se poderia ter feito algo diferente. Não que ele vá admitir isso em voz alta. Ele é calc
O Jogo das Sombras Raul parece estar se afundando em seu próprio medo. Eu vejo o suor escorrendo por sua testa, os olhos evitam os nossos como se buscassem uma fuga que não existe. Mas ele está encurralado, sem escolha. Todos sabem que, em momentos como esse, a verdade é a única saída, mesmo que ela doa. Eu respiro fundo, tentando conter a crescente raiva que sinto. O que Raul sabe pode ser a chave para desmantelar toda a operação dos Cordobeses. Mas o que ele nos revela, ao invés de ser uma resposta, só adiciona mais complexidade ao enigma. — Eu não sei onde El Diablo está, mas sei quem sabe. Ele repete, e sua voz falha. Ele me encara com os olhos esbugalhados, buscando algo em nosso semblante que indique clemência. Não há nada em minha expressão, nada que o tranquilize. Eu me inclino para frente, aproximando-me o suficiente para ver a hesitação em seus olhos. Raul não é mais o homem de antes. Ele parece um fantasma agora, alguém que sabe que sua hora está chegando e que, por mai
O Retorno ao Lar Finalmente, estamos voltando para a Fazenda Feitiço do Sol Nascente. A missão acabou, mas a tensão ainda paira no ar. O som dos pneus rolando sobre a estrada de terra me dá uma sensação de alívio. O calor do sol já está se suavizando enquanto passamos pelos campos verdejantes que cercam a fazenda. A vista é tranquila, contrastando com os dias de confronto e tensão vividos nos últimos tempos. Ao meu lado, Théo dirige em silêncio, suas mãos firmes no volante, mas seu olhar está distante, como se ele também tentasse processar tudo o que aconteceu. O olhar de preocupação que ele tinha antes desapareceu, mas ainda podemos sentir que o peso da missão está em seus pensamentos. Suspiro, olhando pela janela. A fazenda, com sua calma, é um lugar acolhedor, longe da violência que enfrentamos. Jonh e Joana estão atrás de nós, no carro de Mateus, e posso ouvir suas vozes pela janela entreaberta. Paola está com eles, e a conversa, embora descontraída, carrega uma leveza qu