Natal com o CEO Cafajeste
Natal com o CEO Cafajeste
Por: Mia Ivanov
Capítulo 1

PONTO DE VISTA DE OLIVIA

Era a manhã de Natal, e as ruas de Nova York estavam cobertas por uma neve espessa e traiçoeira. No carro, a caminho da casa da minha melhor amiga, o aquecedor estava no máximo, mas o frio insistia em se infiltrar nos ossos. O céu tinha um tom de cinza profundo, e flocos de neve caíam sem cessar, encobrindo a paisagem.

Minha irmã gêmea, Ava, estava no banco do passageiro. Seus olhos, fixos na janela, pareciam perdidos em pensamentos distantes.

— E as coisas com o Marcelo? — perguntei, rompendo o silêncio pesado.

Ela suspirou, demorando a responder.

— Eu não aguento mais. Ele é... sufocante. Controlador. Às vezes sinto que não sei mais quem eu sou.

Desviei o olhar da estrada por um instante, buscando os olhos dela, mas Ava continuava perdida na neve lá fora.

— Ava, você precisa sair disso. Não é saudável. Você merece muito mais. — insisti.

Ela soltou uma risada curta e amarga, sem humor.

— Você acha que é tão simples? Ele sempre tem uma desculpa. Pede perdão depois... No fim, eu me sinto como se a culpa fosse minha.

Um aperto cresceu no meu peito. Ava e eu crescemos em um orfanato. Fugimos aos dezesseis anos e, desde então, somos apenas nós duas, cuidando uma da outra. Trabalhamos dia e noite para juntar dinheiro e realizar nosso sonho: abrir nossa própria padaria. Mas, por enquanto, tudo não passava de um plano distante.

Queria dizer algo que a confortasse, mas minha atenção foi tomada pela estrada. A neve se acumulava perigosamente. O carro escorregou de leve, e segurei o volante com mais força.

— Uau... Dirigir em Nova York no Natal é tenso. Muitos carros, muita neve... — murmurei, tentando aliviar a tensão. — Ava, é sério. A vida é curta demais para se prender a algo assim.

Ela se virou para mim, os olhos marejados.

— Você não entende, Olivia... Eu não consigo sair. Ele me faz sentir como se eu não fosse nada sem ele.

Antes que eu pudesse responder, o carro deu um solavanco brusco. O som dos pneus deslizando no gelo ecoou, e o volante não obedecia mais.

— Segura! — gritei, tentando retomar o controle.

O mundo girou ao nosso redor. O branco da neve virou um borrão, e o carro derrapou violentamente.

— Olivia! — Ava gritou.

Não tive tempo de reagir. Uma curva surgiu rápido demais. O carro saiu da estrada, deslizou por uma encosta e bateu com força contra uma árvore.

O impacto foi ensurdecedor: vidro estilhaçando, metal se amassando, o ar sendo arrancado dos pulmões.

Silêncio.

Minha cabeça latejava, e um gosto metálico de sangue invadiu minha boca.

— O que... o que aconteceu? — murmurei, ofegante.

Olhei para o lado, o coração disparado. Ava estava caída contra o cinto de segurança, o rosto pálido, respirando com dificuldade.

— Ava! — sussurrei, com a voz falhando. Toquei seu ombro. — Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui.

Seus olhos se abriram lentamente, e ela murmurou algo ininteligível. Lá fora, a neve continuava a cair, cobrindo o carro como um lençol branco.

Tremendo, tentei alcançar meu celular para pedir ajuda, mas meus olhos voltaram para Ava.

Ela não respirava mais.

— Aguenta, Ava! — implorei, o desespero rasgando minha voz. — Você não pode me deixar!

Minha cabeça latejou com mais força. Quando levei a mão à têmpora, a consciência começou a me abandonar.

Eu não podia perder minha irmã. Ela era o meu mundo.

O cheiro de antisséptico e álcool tomou conta de minhas narinas antes mesmo que meus olhos se abrissem. Tudo parecia distante, como se minha mente estivesse submersa em águas profundas. Um bip constante, ritmado, ecoava ao fundo. Uma dor surda se espalhava pelo meu corpo.

Aos poucos, a visão clareou, e reconheci o teto branco e estéril de um hospital. Ao lado da cama, alguns balões coloridos pareciam estranhos naquele ambiente.

"Onde estou?" me perguntei.

Piscaquei algumas vezes, tentando entender. Meu corpo parecia pesado, e algo apertava minha mão direita. Virei a cabeça lentamente e vi Sophie, minha melhor amiga, sentada ao lado da cama. Os olhos dela estavam vermelhos e inchados. Ela segurava minha mão com medo de soltá-la.

— Sophie? — Minha voz saiu rouca, quase um sussurro. A garganta estava dolorida.

Ela ergueu a cabeça na hora, o rosto oscilando entre alívio e apreensão.

— Você está acordada... Graças a Deus!

— O que... o que aconteceu? — Tentei me mover, mas uma onda de dor me fez desistir. — Por que estou aqui? Onde está a Ava?

Sophie hesitou. Naquele instante, eu soube que algo estava errado. Seus olhos desceram para nossas mãos entrelaçadas, e ela respirou fundo, como se buscasse coragem.

— É... difícil. Mas eu vou te contar, prometo. Só... tenta ficar calma, ok? — disse, apertando minha mão com mais força.

Eu apenas a encarei, esperando.

— Foi no Natal. Vocês estavam vindo para cá... para minha casa... Lembra? A neve estava muito forte... — Ela parou, os lábios trêmulos. — O carro derrapou.

Fragmentos começaram a voltar. A estrada coberta de neve. Ava no banco do passageiro. Os olhos marejados ao falar de Marcelo. O som do metal se esmagando.

Um nó se formou no meu estômago.

— Onde está a Ava? — perguntei com firmeza, apesar do medo. — Ela está bem? Diga que ela está bem, Sophie!

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela. Sophie sacudiu a cabeça, lutando contra as palavras. Então, com a voz baixa e quebrada, ela deixou escapar:

— Ela não resistiu, Olivia... Ava morreu no acidente.

O mundo parou. Minha mente se recusava a processar aquelas palavras. Era impossível. Ava não podia ter morrido. Éramos inseparáveis, duas metades do mesmo coração.

Tentei falar, mas nenhum som saiu. Apenas lágrimas quentes deslizaram pelo meu rosto, enquanto minha respiração acelerava.

— Não... não pode ser verdade. Eu estava lá... Eu devia ter feito alguma coisa!

Sophie se inclinou, me abraçando com cuidado, desviando dos fios e tubos conectados ao meu corpo.

— Não foi sua culpa, Olivia. Foi a neve, o gelo... foi um acidente. Você não podia evitar.

Mas suas palavras não alcançavam o abismo de culpa e vazio que se abria dentro de mim.

Ava estava morta.

Minha irmã gêmea.

Minha outra metade.

E eu estava viva.

Por quê?

Enquanto Sophie segurava meu rosto entre as mãos, tentando me acalmar, apenas uma pergunta ecoava em minha mente:

"Como seguir em frente sem ela?"

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