Passei três dias inconsciente, mergulhada em um silêncio escuro e sem fim. Era como estar presa em um lugar onde o tempo não existia. Mas, quando finalmente abri os olhos, uma claridade suave me cegou por alguns segundos. O cheiro esterilizado, o bip ritmado das máquinas e o frio dos lençóis me disseram exatamente onde eu estava: em um hospital.
Era véspera de Natal. A única luz intensa vinha da janela, iluminando o quarto de branco. Meus olhos demoraram a se ajustar, mas logo encontrei a cena que fez meu coração disparar. Ethan estava ali, sentado ao lado da minha cama, a cabeça apoiada perto da minha mão, como se tivesse desabado de cansaço enquanto me esperava. Seus cabelos estavam bagunçados, e havia sombras profundas sob seus olhos. Parecia não ter dormido ou comido direito em dias.
Antes que eu pudesse chamá-lo, as lembranças voltaram como uma enxurrada: Marcelo, a arma, o som do tiro, o fogo queimando em minhas costas. Meu corpo se retesou e um gemido escapou dos meus lábios. E